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Ponte da Integração abre ciclo de desenvolvimento na região da Grande Porto Meira

Novos negócios em diferentes setores da economia são abertos no entorno da nova ponte internacional. “Já estamos sentindo os efeitos”, relata Gilmar Francisco, que tem oficina há 25 anos na região.

A falta de uma confeitaria na região de Porto Meira, em Foz do Iguaçu (PR), chamou a atenção de Rosana Alves e da filha, Adriana. A vontade de abrir um novo negócio era grande, mas as incertezas da economia geravam desconfiança. Tudo mudou no início de 2019, quando a construção da Ponte da Integração Brasil-Paraguai foi confirmada, com recursos da margem brasileira da Itaipu Binacional.

Era o impulso que faltava para mãe e filha. Há três meses, o projeto de Rosana e Adriana finalmente saiu do papel e virou realidade no número 1.719 da Avenida Morenitas. “O movimento aqui é bom, mas a gente espera que melhore muito com a Ponte da Integração. Já estamos reformando [o prédio] e futuramente esperamos até contratar mais funcionários para nos ajudar”, afirma Rosana.

A instalação da confeitaria é parte de um movimento que começou a tomar corpo assim que o megaempreendimento foi confirmado, para conectar Foz do Iguaçu a Presidente Franco (no Paraguai). Novos comércios começaram a abrir as portas, mirando o potencial de crescimento da região. Outros, mais antigos, esperam que a região renasça economicamente, gerando mais renda, empregos e prosperidade.

“Já estamos sentindo os efeitos”, relata Gilmar Francisco, que mora há 40 anos na região e há 25 é sócio de uma oficina de motocicletas. “Eu percebo que a procura por imóveis cresceu muito. Vieram várias pessoas perguntar se queremos vender [o imóvel]; estou vendo os vizinhos construindo. A nova ponte está agitando a região.”

Gilmar conta que a pandemia de covid-19 prejudicou os negócios, especialmente o fechamento da fronteira com a Argentina, de onde vinham muitos clientes da oficina. As obras da nova ponte e o avanço da vacinação deixaram o otimismo em alta. “Tem muita gente querendo vir para cá: [comerciantes] da Vila Portes, transportadoras que querem ficar mais perto [das duas pontes internacionais], despachantes aduaneiros. Vai ser uma mão na roda”, afirma.

Quem também está confiante é Letícia Ortiz Valente, que há três anos tem um comércio de roupas na Avenida Morenitas. Ela aposta no aumento da clientela e já planeja contratar mais mão de obra. “A minha expectativa [com a nova ponte] é que vai crescer muito e melhorar para a gente. Novos empreendimentos e salas comerciais vão sair para esse lado também. Teremos um fluxo maior de pessoas caminhando no comércio, mais lojas, isso tudo ajuda muito.”

Ciclo de desenvolvimento

A confiança dos comerciantes é corroborada pela Associação Comercial e Empresarial de Foz do Iguaçu (Acifi). O presidente da entidade, Faisal Mahmoud Ismail, cita como exemplo o setor imobiliário, que registra forte aquecimento com novos condomínios na região, muitos vendidos na planta, outros em fase de análise pelos órgãos competentes. Moradores e pequenos comerciantes estão estimulados a reformar casas e lojas.

Empresários da cidade já procuraram a Acifi com interesse de criar um núcleo setorial do bairro justamente para aproveitar as oportunidades de crescimento criadas pela nova conexão internacional. Outras dezenas de atividades estão sendo ativadas, como o próprio comércio, prestação de serviços, indústria e o setor de logística, que será redesenhado com as novas aduanas (no Brasil, Paraguai e Argentina), a Perimetral Leste e a expectativa da construção de um novo Porto Seco.

O turismo, principal atividade econômica do município, também será beneficiado. A cabeceira da nova ponte fica ao lado do Marco das Três Fronteiras e facilitará o acesso ao Parque Nacional do Iguaçu, Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu, Avenida das Cataratas (BR-469, que será duplicada), aduana argentina e BR-277. “O impacto local já começou. São centenas de empregos neste primeiro momento, boa parte de trabalhadores que moram no bairro”, salienta Faisal. “Esses investimentos têm impulsionado a criação de novos atrativos e revitalização das atrações turísticas na zona sul de Foz do Iguaçu.”

De acordo com o presidente da Acifi, os investimentos também resultarão em melhorias nos índices de desenvolvimento humano, com maior qualidade de vida para os moradores. E tendem a despertar, nas duas margens do Rio Paraná, maior atenção dos governos locais e estaduais, com mais oferta de serviços públicos, como saúde, educação, segurança, transporte, moradia e lazer.

“A Ponte da Integração terá um grande impacto em Foz do Iguaçu, em nosso Estado e País. Mas será na grande Porto Meira, bairro histórico da nossa cidade, que o empreendimento certamente marcará o início de um novo capítulo e de um novo ciclo econômico”, estima.

Sobre a ponte

A construção da Ponte da Integração Brasil-Paraguai começou em agosto de 2019 e, em menos de dois anos, alcançou 64% de execução – de acordo com o último boletim técnico divulgado pelo Consórcio Ponte Brasil-Paraguai. Os investimentos ultrapassaram R$ 149 milhões, do total previsto de R$ 323 milhões. As obras estão dentro do cronograma e a expectativa é que a nova ponte internacional esteja concluída em meados de 2022.

A nova ponte terá 760 metros de comprimento e vão-livre de 470 metros. Serão duas pistas simples com 3,6 metros de largura, acostamento de 3 metros e calçada de 1,70 metro nas laterais. A estrutura será maior que a Ponte Internacional da Amizade, hoje única ligação do Brasil com o Paraguai sobre o Rio Paraná, e está localizada próxima à confluência com o Rio Iguaçu, no Marco das Três Fronteiras.

Também está em construção a Perimetral Leste, que ligará a futura ponte à BR-277. O custo total desta obra será de R$ 140 milhões, incluindo uma rodovia de 15 quilômetros de extensão, dois viadutos (um deles de interseção com a BR-469), uma rotatória alongada, duas travessias e duas aduanas.

A ponte e a Perimetral fazem parte de um conjunto de grandes obras de infraestrutura financiadas pela Itaipu Binacional e anunciadas nos últimos dois anos. Entre elas, estão a reforma e a ampliação do terminal e da pista de pouso e decolagem do Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu e a duplicação da pista que liga o aeroporto à BR-469, rodovia que também deverá ser duplicada com recursos da binacional.

A Itaipu tem ainda outras obras concluídas ou em execução, como ciclovias e pistas de caminhada, a ampliação do Hospital Ministro Costa Cavalcanti (HMCC) e o futuro Mercado Municipal, em Foz do Iguaçu. Estão em andamento ainda a duplicação de um trecho da BR-277 em Cascavel, a conclusão da Estrada Boiadeira e o contorno do município de Guaíra, além da modernização do sistema de transmissão de Furnas – entre outras obras. São mais de R$ 2,5 bilhões de investimentos com a geração de mais de 2,5 mil empregos.

O diretor-geral brasileiro de Itaipu, general João Francisco Ferreira, ressalta que os investimentos estão em linha com a missão da empresa e as diretrizes do governo federal. “São obras que trarão mais desenvolvimento para a região e o País, com geração de empregos e dignidade para a nossa população”, conclui.