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Manobra de Giacobo: Decisão sobre verba para Linha Verde fica na mão de ministro

Por André Gonçalves, na Gazeta do Povo:

A bancada paranaense no Congresso Nacional vai recorrer ao ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, para decidir sobre o futuro da emenda coletiva de R$ 35 milhões para a construção do trecho sul da Linha Verde, em Curitiba. O cancelamento do recurso foi autorizado em maio pelo coordenador do grupo, deputado federal Fer­­nando Giacobo (PR), sem consultar os colegas. As verbas foram remanejadas para oito empreendimentos em outros municípios do estado – dentre eles Pato Bran­­co, onde ele nasceu.

Giacobo se comprometeu a marcar uma reunião com Passos, representantes da bancada e da prefeitura da capital para tentar resolver o impasse. “Assumo o compromisso de agendar com o ministro, mas a data depende dele”, disse o deputado, durante reunião com a bancada realizada ontem à noite na Câmara.

O paranaense conversou sobre o assunto com Passos na quarta-feira, por telefone. Segundo ele, todas as mudanças em emendas relativas a obras em rodovias só serão oficializadas quando a diretoria do Departamento Nacional de Infraestrutura e Estrutura (Dnit) tomar posse em definitivo. Nas últimas semanas, os Transportes têm sido alvo de uma “faxina” da presidente Dilma Rousseff, que provocou a demissão de 27 funcionários da cúpula do ministério.

“Para falar a verdade, acho que não vai sair essa verba de qualquer jeito, mas repito que é tecnicamente inviável”, complementou. Na reunião de ontem, os parlamentares decidiram que, caso o ministro dê aval para o uso do dinheiro na Linha Verde, a alteração será desfeita. Caso contrário, eles decidirão em conjunto como o valor será aplicado.

A tese de Giacobo é que há um impedimento legal nos repasses para a obra, que compreende o trecho urbano da BR-476, devido a um convênio firmado entre o ministério e a prefeitura de Curitiba em 2004. O acordo prevê a delegação desta parte da rodovia ao município, mas estipula que a execução de obras não pode gerar ônus para a União.

A informação é rechaçada pela prefeitura, que alega que como delegatária da rodovia (e não concessionária) pode receber dinheiro da União. Além disso, a procuradoria do município entende que só haveria impedimento caso o processo de cessão definitiva do trecho estivesse concluído. O processo, contudo, ainda tramita na Secretaria de Patrimônio da União.

As mudanças feitas pelo coordenador foram divulgadas pela Gazeta do Povo em julho, quase dois meses após serem realizadas, e surpreenderam vários parlamentares, em especial os que têm base eleitoral em Curitiba e região metropolitana. “O que mais é constrangedor é quando a imprensa liga para pedir sua opinião sobre um assunto tão importante e você nem sabe do que se trata”, reclamou a deputada Rosane Ferreira (PV).

A obra foi incluída no orçamento da União de 2011 a pedido do prefeito Luciano Ducci (PSB). Ela consiste na adequação rodoviária entre os quilômetros 139 a 142 da rodovia e conecta Curitiba com o município de Fazenda Rio Grande por meio da BR-116, que deve ser duplicada pela concessionária OHL ao longo deste semestre.