Amin Hannouche, Edimar Santos e Hiroshi Kubo
O fim da cobrança dos pedágios nas rodovias paranaenses representa um alívio para toda a população. As tarifas abusivas cobradas dos usuários ao longo dos últimos 24 anos deixaram um rastro de indignação e também um legado negativo para o desenvolvimento regional.
Pagamos uma das tarifas mais caras do Brasil, que sugou a renda do povo, e, além disso, espantou investimentos que poderiam gerar novas oportunidades de trabalho e de crescimento coletivo. O Norte e o Norte Pioneiro ficaram reféns dos pedágios e o resgate foi caro: R$ 26,40 na praça de Jataizinho, R$ 24,40 em Jacarezinho e R$ 22,70 em Sertaneja.
Não foram poucas as batalhas travadas para que o programa de concessão que se encerra agora fosse revisto e deixasse de penalizar o Norte paranaense. Infelizmente, foram poucas as vitórias contra este sistema que parece ter sido criado para beneficiar só as empresas. Mas fica o orgulho de ter lutado e o alerta de que precisamos seguir vigilantes em relação à nova concessão.
Tem-se que fazer um reconhecimento a quem participou das ações, indagações e indignações a respeito da exploração das rodovias que cortam as cidades. Temos de enumerar todos os companheiros que se envolveram no processo de defesa dos usuários, mas sob o risco de deixar alguém de fora, e cometer injustiças, concentro o nosso agradecimento ao deputado Luiz Claudio Romanelli.
Foi um dos poucos políticos a se posicionar contra o modelo de concessão do Anel de Integração ainda no início do processo, lá na década de 1990. No primeiro mandato como deputado estadual, votou contra a lei que permitiria transferir as estradas ao setor privado da forma como o modelo foi desenhado. Estamos convictos que Romanelli pagou um preço político em razão das perseguições que sofreu por causa de seu posicionamento firme contra as benesses dadas às concessionárias.
Mas Romanelli retornou ao legislativo, sem abandonar seus princípios, e reforçou a sua defesa pelos direitos dos usuários de rodovias. Chegou ao limite de cometer um ato de desobediência civil, ao furar uma cancela de pedágio. Ele sempre nos disse que este exemplo não era para ser seguido por ninguém, mas a atitude corajosa é reconhecida até hoje, porque representou o desejo de milhares de pessoas.
Abraçado às causas regionais, liderou a briga pela duplicação da BR-369 e de várias outras melhorias na estrada, e esteve ao lado da sociedade nos questionamentos sobre o reajuste das tarifas. Até hoje manifesta sua revolta em relação à localização das praças de pedágio, que para ele capturaram o tráfego regional e penalizam empresas, estudantes e pessoas que precisavam fazer curtos deslocamentos.
O fim desta novela ruim dos pedágios nos alivia. A expectativa dos gestores municipais do Norte e Norte Pioneiro, assim como em todas as cidades do Paraná, é de que o novo modelo de concessão contribua para o desenvolvimento regional, com melhorias na infraestrutura rodoviária, e que reduza o peso das tarifas sobre a economia local.
Os municípios podem e devem participar deste amplo debate porque temos muitos casos de áreas cortadas por estradas. Conforme defende o deputado Romanelli, o sistema rodoviário pensado na nova concessão não pode ficar apartado dos planos diretores e dos sistemas viários urbanos, sob o risco de inviabilizar espaços projetados para estimular o crescimento socioeconômico das nossas cidades.
*Amin Hannouche, prefeito de Cornélio Procópio e presidente da Amunop (Associação dos Municípios do Norte do Paraná).*
*Edimar Santos, prefeito de Santa Cecília do Pavão e vice-presidente da AMP (Associação dos Municípios do Paraná).*
*Hiroshi Kubo, prefeito de Carlópolis e presidente da Amunorpi (Associação dos Municípios do Norte Pioneiro).*
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