O PDT, através de seu Centro de Memória Trabalhista, promoveu entre os dias 3 e 5 de maio o seminário Petrobrás: Legados trabalhistas. O vice-presidente da AEPET, Felipe Coutinho, e a geóloga Patrícia Laier, que é vice-diretora de Comunicação da AEPET, participaram ao lado de Ciro Gomes, vice-presidente do partido, da mesa Petrobrás e o desenvolvimento nacional.
O vice-presidente do PDT, Ciro Gomes, candidato à Presidência da República em 2018, enfatizou que, pàra se reindustrializar, o Brasil precisa recuperar a capacidade da Petrobrás de intervir estrategicamente. Prometendo reestatizar empresas como a Embraer e fazer a Petrobrás voltar a ser uma empresa integrada caso chege ao poder, Ciro argumentou que o petróleo está presente em diversos produtos que usamos diariamente e, portanto, está longe de perder importância geopolítica.
“Os principais produtores estão em convulsão política, enquanto a Rússia avança para se tornar o maior fornecedor de gás para a Alemanha, principal centro industrial da Europa. Em função disso, o restante do mundo se voltou para as fontes alternativas e os países produtores passaram a ser alvo de desestabilização política.”
Ciro criticou a política de preços da Petrobrás (PPI – preço de paridade de importação). “A população paga R$ 100 pelo gás, mas as pessoas não se sentem estimuladas a defender a Petrobrás, pois havia corrupção, cujo impacto foi ampliado pela enorme campanha midiática. Vou nacionalizar e verticalizar novamente a Petrobrás”, afirmou.
O vice-presidente do PDT credita ao fracasso da atividade política a crise sem precedentes que o país enfrenta. Mas aposta no fim do neoliberalismo. “O que aconteceu para chegarmos ao fundo do poço? É o fracasso da política. Mas hoje o Brasil não está só para reeditar as iniciativas que fizeram o país ser líder do cresmento mundial entre 1930 e 1980. O primeiro-ministro do Reino Unido quer criar um banco estatal para financiar a infraestrutura. Nos EUA, Biden está investindo US$ 1,8 trilhão para fortalecer a indústria. O Brasil não está só.”
Bendine começou venda de ativos
Por sua vez, Felipe Coutinho ponderou sobre a dimensão estratégica das reservas do pré-sal, já que o petróleo mais barato de ser produzido está se esgotando e a tecnologia não é capaz de compensar. “A natureza, especialmente com recursos finitos, é quem dá a palavra final. É inevitável a exaustão dos recuros mais baratos. Daí a importância do pré-sal”.
O vice-presidente da AEPET, no entanto, pondera que o pré-sal não é suficiente para, ao mesmo tempo, ser exportado e atender à demanda nacional por aumento do consumo de energia, que interfere diretamente no desenvolvimento humano. “Não existe país que tenha se desenvolvido exportando petróleo cru por multinacionais estrangeiras. Estamos fazendo isso com um consumo interno ainda rebaixado, com boa parte da população excluída da vida cidadã, pagando preços paritários aos de importação, destinando o páís a um ciclo colonial, com uma minoria se beneficiando, enquanto as perdas internacionais se avolumam.”
Coutinho lamentou que a diretoria da Petrobrás, desde 2014, não tenha se manifestado veementemente contra a criação midiática do “mito da Petrobrás quebrada“. “As gestões seguintes justificaram as privatizações para reduzir dívida, mas as vendas de ativos responderam apenas por 25% da redução da dívida. Os outros 75% dessa redução foi feita com geração de caixa”. O vice-presidente da AEPET lembrou que o programa de venda de ativos fjoi criado na gestão petista. “O maior plano de privatização história da Petrobrás começou na gestão de Aldemir Bendine, com previsão de venda de ativos da ordem de US$ 57 bilhões”, criticou.
Campos gigantes em liquidação
“Com a democracia em vertigem, temos hoje entre 200 e 300 campos de petróleo e gás descobertos pela Petrobrás vendidos ou em processo de venda”, informou Patrícia Laier. Lembrando a resistência de funcionários e políticos em ameaças já sofridas pela Companhia ao longo de sua história, a geóloga converge com Ciro Gomes ao avaliar que hoje falta formação humana e cidadã às pessoas para entenderem o que vem ocorrendo. “Não apenas a sociedade, mas o petroleiro também precisa defender a Petrobrás. Hoje vemos muita carência de informação”.
Destacando o papel da Petrobrás no desenvolvimento, Patrícia citou estudo da FGV mostrando que, no início dos anos 2000, cada bilhão investido pela estatal alavancava mais R$ 1,5 bilhão da iniciativa privada. Além disso, a política de conteúdo local fez o número de empregos da indústria naval saltar de 2 mil, em 2002, para 70 mil devido à demanda Búzios. “A Petrobrás gera também desenvolvimento tecnológico, a partir de parcerias com universidades diversas. Está no Brasil inteiro por ter compromisso com o país.”
A vice-diretora de Comunicação da AEPET lembrou que, em 2006, com os poços super giganbtes de Lula e Tupi, a companhia gerou um ciclo de investimentos produtivos bastante expressivo. E a partir de 2010 até 2014 construiu gasodutos e comprou termelétricas, tendo começado a exploração da cessão onerosa. “Tudo isso gerou riqueza em cascata. Mas hoje a infraestrutura que permitiu produzir o pré-sal está sendo vendida”, resumiu, lembrando que, antes do desmonte, a Petrobras era a décima empresa mais cobiçada do mundo”.
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Informações AEPET
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