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Youssef pode ir para prisão domiciliar

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Até o início do próximo mês, o doleiro Alberto Youssef, uma das peças-chave dentro do mega esquema de lavagem de dinheiro e corrupção com dinheiro desviado de obras da Petrobras, pode deixar a carceragem da Superintendência da Polícia Federal (PF) e seguir para um regime de prisão domiciliar. A decisão deve sair após a realização de uma reunião entre os advogados do londrinense e os procuradores da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF), ainda sem data marcada. As informações são da Folha de Londrina.

O encontro, com previsão de ocorrer até o início do próximo mês, servirá para analisar a efetividade da colaboração do operador e a importância das informações prestadas por ele dentro das investigações. E, dependendo do resultado dessa conversa, o doleiro será beneficiado com prisão domiciliar com uso obrigatório de tornozeleira eletrônica, monitoramento que já ocorre com outros investigados da Operação Lava Jato.

Na alegação final protocolada em uma das ações penais em que o londrinense é réu, seus advogados reforçaram o pedido para que Youssef possa ser encaminhado para a prisão domiciliar. “É justo que Youssef obtenha do Poder Judiciário um benefício proporcional à extensão e eficácia de sua colaboração, a começar pela possibilidade de ser removido para um regime prisional diferenciado e também lhe seja concedido o perdão judicial nessa e em outras ações penais”, destaca trecho assinado pela defesa.

O documento foi peticionado no processo em que o doleiro responde aos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção juntamente com o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. Além dessa ação penal, ele é réu em outras 11, foi absolvido em duas e condenado em cinco (quatro referentes à Lava Jato e uma sobre o Banestado que foi reativada após ele quebrar o antigo acordo fechado com o MPF). No total, sua condenação até agora soma 43 anos, nove meses e 10 dias.

Os advogados ainda recordam na petição que “o acusado tem a saúde debilitada e está preso há mais de um ano e meio, sob forte pressão psicológica e física que agrava ainda mais as crônicas debilidades cardíacas que o acometem”. O londrinense chegou a ser internado cinco vezes desde sua prisão, em março de 2014.

O que pode atrapalhar sua saída da carceragem é seu histórico. Mesmo tendo fechado um acordo de colaboração dentro das investigações do Caso Banestado, o doleiro voltou a atuar no mercado e a praticar crimes. Os procuradores não se manifestam sobre o assunto, no entanto, a expectativa da defesa é positiva, pois, segundo ela, os depoimentos de Youssef foram essenciais para que os investigadores conseguissem avançar na apuração dos crimes.

“Passando em revista os inúmeros termos da colaboração processual de Youssef e minucioso detalhamento do esquema de corrupção descrito na denúncia, fica claro que sua palavra tem credibilidade e foi corroborada por vários colaboradores e também por outros meios de prova. Youssef não mentiu, não tergiversou com as provas”, afirmaram os advogados.

Entre as 12 pessoas que chegaram a ser presas e firmaram acordo de colaboração premiada com o MPF, somente o doleiro permanece detido em Curitiba. Sem contar com os mais recentes colaboradores (ex-deputado Pedro Corrêa e o lobista Fernando Soares, o “Baiano”), já foram fechadas 28 delações. Destas, 25 são conhecidas e outras três seguem em sigilo.

“Antes da colaboração de Youssef, as investigações circunscreviam-se a um esquema bastante pontual, sobretudo na diretoria de abastecimentos da Petrobras. Depois de sua (efetiva) colaboração, o raio de abrangência investigativa aumentou significativamente, passando a alcançar um sem número de pessoas físicas e jurídicas”, reforçaram os defensores.

Pelo acordo fechado com os procuradores, os advogados pedem também a suspensão de todos os processos que ainda estão na tramitando na Justiça Federal do Paraná. A decisão sobre este pedido cabe ao juiz federal Sérgio Moro. “É, pois, forçoso reconhecer que, com a sua colaboração, Alberto Youssef foi peça-chave para se eviscerar as entranhas de um sistema de corrupção, sem precedentes na historiografia da crônica judiciária brasileira. Aliás, boa parte das colaborações que sucederam a de Youssef vieram a reboque do que ele já havia desvendado”, apontaram seus defensores.