“Eu sou de ferro, aguento pancada, não estou aqui para brincar e não estou nem aí se tem gente com dor de cotovelo. Lamento, I’m sorry, sempre fui assim. As pessoas dizem que ‘Joice é um trator’. Sim, eu sou um trator, mas só trabalho para o bem. E, se alguém cruzar a minha frente para impedir que as coisas boas sejam feitas, vou acelerar o meu trator. Vou atropelar.” As informações são do Estadão.
A frase é de Joice Hasselmann, deputada eleita pelo PSL de São Paulo que toma posse nesta sexta-feira, dia 1º, em Brasília, e foi dada ao jornal O Estado de São Paulo, na quarta-feira, 30, enquanto ela tomava chá em um copo de isopor no hotel onde mora no bairro do Itaim-Bibi, na capital paulista.
Joice foi a deputada federal mais votada do País na eleição de outubro passado – com mais de um milhão de votos. Como resultado disso e também do estilo “trator”, seu nome tem aparecido nas listas de apostas sobre os possíveis expoentes da nova legislatura. Recentemente, foi apontada pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, como uma das principais articuladoras da base de apoio ao governo Jair Bolsonaro na Câmara.
Nos poucos meses que separam sua filiação ao PSL (no início de abril do ano passado) até o início do governo, ela ampliou seu arco de influência da Esplanada dos Ministérios até a antessala da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Parlamentares rodados a tratam como uma veterana, embora mal tenha assumido seu primeiro mandato.
No dia 17 de dezembro, foi escolhida para suceder ao empresário Flávio Rocha, dono das Lojas Riachuelo e que foi pré-candidato a presidente pelo PRB, no comando do Brasil 200 – movimento criado por ele próprio para carregar as bandeiras do empresariado nas eleições de 2018. Para o evento, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) disponibilizou assessores, dois auditórios e uma sala reservada.
Dois dias depois, em Curitiba, saltou do banco traseiro de um Jaguar na entrada do Palácio do Iguaçu, sede do governo do Paraná, para receber a Ordem do Pinheiro, principal comenda do Estado. De vestido curto preto, saltos altos da marca Louboutin e usando joias, ela entrou acompanhada pelo desembargador do TRF-4 João Pedro Gebran Neto – que no ano passado anulou habeas corpus concedido por desembargador plantonista que mandava soltar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Meu amigo pessoal”, disse ela.
A proximidade com os poderosos, inclusive patrões e chefes, é vista como uma das características de Joice desde o início da carreira profissional, ainda como jornalista, em Ponta Grossa (PR). “Sempre fui contratada pelo dono. Só negocio os termos do meu contrato com o presidente, o diretor-geral ou o dono do veículo. Em geral, o dono. Tenho exigências para topar trabalhar em qualquer lugar. Uma delas é a liberdade de falar e um subchefe nunca conseguiria dar essa prerrogativa”, explicou a deputada. “E isso gera uma ciumeira desgraçada.”
Críticas
Na carreira política, não tem sido diferente. A voracidade com que se move nas várias esferas do poder, no entanto, já é objeto de críticas no meio bolsonarista. Logo depois da eleição, o vazamento de uma discussão entre ela e o então deputado eleito Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, abriu a primeira crise política do governo antes mesmo da posse.
Aliados de Bolsonaro questionam os métodos e os propósitos de Joice. Para alguns, ela usaria a defesa do presidente – de quem já foi crítica em um passado recente – para benefício próprio. Em uma das mensagens vazadas, Eduardo foi o primeiro a usar a analogia com o trator ao dizer que ela é capaz de “atropelar qualquer um que esteja à frente dos seus objetivos”.
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https://istoe.com.br/o-trator-joice-que-nao-tem-receio-de-atropelar/?fbclid=IwAR11MvJmpGBgOXCvFRAefb2dsdlwfHDNAXfmbiypZqXfwy_VvNJcrM8Ulec
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