As denúncias de violência doméstica estão em alta em Curitiba. Segundo informações da Delegacia da Mulher, em 2019 foi registrado uma ocorrência desse tipo a cada hora, em média. Na comparação com 2018 verifica-se ainda que o número de registros subiu 9,5%, saltando de 7.628 há dois anos para 8.355 no último ano. Informações Bem Paraná.
De acordo com a delegada Márcia Rejane Vieira Marcondes, titular da Delegacia da Mulher, apesar de o número de ocorrências e o aumento recente de casos poder assustar num primeiro momento, os dados devem ser encarados com certo otimismo. Isso porque o maior número de registros demonstra que as mulheres estão não só mais conscientes de seus direitos, mas também que se sentem encorajadas em denunciar seus algozes.
“Não trabalhamos com a violência que existe, mas com a violência que nos contam. E hoje as mulheres nos procuram com mais facilidade do que antes. Elas têm mais conhecimento de seus direitos, sabem que podem buscar pelas delegacias e que terão uma resposta”, afirma a delegada. “Esse aumento (de denúncias) não significa que estamos tendo mais violência, tanto que os casos de feminicídio diminuíram, passando de sete em 2018 para cinco no ano passado”, complementa.
Com 25 anos de historia dentro da Polícia Civil, Marcondes conta que foi há 24 anos que começou a treabalhar com casos de violência doméstica. Desde então muita coisa mudou, principalmente com relação à postura das próprias mulheres.
“Lá atrás a mulher só procurava a gente quando já estava mais madura. A mulher estava com o cara há 34 anos, apanhando há 31, e só vinha procurar a gente depois de criar os filhos. Hoje, notamos que as denunciantes têm 24, 25 anos, e costumam vir numa fase muito prematura do relacionamento. Elas já buscam a denúncia muito antes da lesão corporal, o que é muito positivo”, comenta a delegada. “A busca por nós é cada vez maior, e eu tenho orgulho disso. Hoje a subnotificação é muito menor”, complementa.
Ciclo da violência ainda não foi superado
Se a boa notícia é que há mais mulheres denunciando, por outro lado a má notícia é que muitas ainda não conseguiram escapar do ciclo da violência, conforme explica a delegada Márcia Rejane Vieira Marcondes. “Elas retornam, e não é raro, para a relação, se mantém na relação. Isso porque somos seres movidos a esperança. Acontece a violência, o outro pede desculpa, dá uma desculpa, como se fosse acontecer naqueele único momento, e aí não se conserta (o problema)”, afirma a policial. O essencial, explica ainda Marcondes, é que a mulher se conença da necessidade de fazer mudanças. E aí não basta apenas o registro de um boletim de ocorrência. “O BO inicia um processo, mas um outro tipo de processo, que é o procedimento criminal. O ideal é que ela veja as necessidades de mudança, que pode até ser ela ir num psicólogo, num psiquiatra com o parceiro. Mas o ideal, para nós, é que ela esteja convencida de que mudanças são precisas”.
Violência contra a mulher em Curitiba
Casos de Feminicídio
2019 5
2018 7
Violência doméstica
2019 8.355
2018 7.628
Fonte: Delegacia da Mulher
– Polícia Civil do Paraná
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