Em visita ao Paraná, o ministro da Indústria e Comércio do Paraguai, Luis Alberto Castiglioni, foi recebido nesta quinta-feira (23) pelo vice-governador Darci Piana, no Palácio Iguaçu. A Ponte da Integração, a Nova Ferroeste e a logística com transporte multimodal foram os pontos mais destacados da conversa. O foco do encontro foi como fortalecer mutuamente a logística e a economia do Paraná e do Paraguai.
“Paraná e Paraguai não são apenas vizinhos, são aliados naturais, irmãos. E ter duas pontes internacionais entre nós é símbolo dessa boa relação”, definiu o ministro. “Já compartilhamos a terra roxa, que favorece a agricultura de ambos. E convivemos todos os dias com os paranaenses, podendo aprender muito com toda a potência que tem o Estado do Paraná, como um país, praticamente, e aproveitar o que tem o Paraguai, para que os dois possam desenvolver mutuamente o comércio, com a utilização da infraestrutura que favorece os dois lados do Rio Paraná”.
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A Ponte da Integração, a que o ministro se referiu, está em fase final de construção sobre o Rio Paraná, no bairro Porto Meira, próximo à Tríplice Fronteira do Brasil, Paraguai e Argentina. No lado paraguaio, a obra vai alcançar o município de Presidente Franco, vizinho de Cidade de Leste, onde está a Ponte Internacional da Amizade. Com a obra concluída, todo o transporte de cargas entre os dois países será feito pela nova passagem, tirando o trânsito pesado da Ponte da Amizade e liberando o local para atender somente turistas e passageiros.
O vice-governador destacou que outros elos entre o território paranaense e o paraguaio podem ser formados a partir dela. “Temos uma grande fronteira com o Paraguai. Somos também o maior cliente do Paraguai, entre os estados brasileiros, depois de São Paulo. Estreitar cada vez mais o relacionamento é de grande interesse e podemos fazer isso agora especialmente na logística pela Nova Ferroeste, com o ramal de Foz do Iguaçu, e com a ponte no meio rodoviário”, disse Piana.
O traçado da Nova Ferroeste vai ligar Maracaju, no Mato Grosso do Sul, ao Porto de Paranaguá, favorecendo todo o setor produtivo não só do Brasil, mas também o Paraguai, com o ramal entre Cascavel e Foz do Iguaçu. “Futuramente podemos estender a conexão pelo Paraguai, Argentina e Chile, e chegar até Antofagasta, criando o corredor bioceânico multimodal que vai ligar o Pacífico ao Atlântico”, acrescentou Piana.
O olhar do Paraná para um transporte multimodal vem ao encontro do que, segundo o ministro, está acontecendo também no país vizinho. O Paraguai tem investido na formatação desse corredor ao norte do país em linha horizontal. A obra abrirá uma nova rota para exportações de produtos para a Ásia, e viabilizará o desenvolvimento de uma região isolada do Paraguai, o Chaco.
“Também estamos com um projeto de conexão interna, por ferrovia, pelas áreas de maior produção agrícola do país. Outro ponto é a hidrovia. Hoje 85% da importação e exportação com o Brasil entra pela hidrovia Paraná-Paraguai. Uma ligação férrea facilitada iria minimizar os custos do transporte. A parceria com o setor privado será fundamental”, destacou o ministro paraguaio.
Economia
Os representantes destacaram ainda os pontos fortes de suas economias. Na agricultura, o Paraguai experimentou grande crescimento na cultura da soja, com ação de brasileiros que foram plantar no país, e se tornou um dos principais exportadores mundiais do produto. Na pecuária, é o 26º maior produtor de carne bovina do mundo. “Além disso, a nossa indústria farmacêutica cresceu 50% em pouco tempo e está substituindo os fornecedores estrangeiros no consumo interno, além de começar a exportar medicamentos”, destacou o ministro.
Piana falou sobre a produção de proteínas do Paraná, especialmente de suínos e de peixes. “Somos vice-líder na produção de suínos e temos espaço para crescer e chegar mais perto de Santa Catarina com novos investimentos. E estamos avançando a cada ano na produção de tilápias, na qual somos referência nacional”, citou.
De acordo com o mapeamento do IBGE, o Paraná liderou em números absolutos o desempenho entre as unidades federativas do País na produção de carne suína neste primeiro trimestre, o que ajudou o Brasil a alcançar o melhor primeiro trimestre para o setor desde o início da série histórica, em 1997. O volume exportado de carne suína de origem paranaense registrou aumento, passando de 34,3 mil toneladas no primeiro trimestre de 2021 para 35,5 mil nos três meses deste ano. Os principais destinos foram Hong-Kong, Argentina, Uruguai e Cingapura.
Na piscicultura, o Paraná desponta como o principal produtor de peixes de cultivo no Brasil. No último levantamento do Anuário PeixeBR, referente a 2021, o Estado alcançou a marca de 188 mil toneladas, das quais 182 mil de tilápias. O registro do Agrostat, sistema do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que oferece visão detalhada de exportações e importações do agronegócio brasileiro, mostra que os 240% a mais no volume de pescados exportados pelo Paraná representam um salto de 350 toneladas para 1,2 mil toneladas, enquanto a receita disparou de US$ 568 mil no primeiro trimestre do ano passado para US$ 3,2 milhões entre janeiro e março de 2022.
Presenças
Participaram do encontro o assessor da presidência da Invest Paraná, Rogério Chaves; a assessora de Relações Internacionais da Invest Paraná, Bruna Radaelli; a chefe do Escritório de Representação no Paraná – Erepar, ministro Pedro da Cunha e Menezes; o secretário do Erepar, Paulo Fernando Pinheiro Machado; secretário do Erepar, Braúlio Pupim; a vice-ministra da Rede de Investimentos e Exportações, Estefania Laterza; e o cônsul-geral da República do Paraguai, ministro Celso Santiago Riquelme.
AEN
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