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Varejo brasileiro já demitiu 40 mil pessoas este ano, quatro vezes mais que montadoras

Varejo brasileiro já demitiu 40 mil pessoas este ano, quatro vezes mais que montadoras

Os números são alarmantes. De janeiro a setembro deste ano, as redes varejistas do país já demitiram cerca de 40 mil pessoas. É quase quatro vezes o total das vagas eliminadas pelas montadoras de automóveis (10,9 mil). O alerta vem de entidades da classe como a Confederação Nacional do Comércio (CNC). A explicação para tantas demissões está na crise econômica, que restringiu o crédito ao consumidor, além dos juros altos e o fim de incentivos fiscais. As informações são da rádio Banda B.

Só a líder de mercado, a Via Varejo, dona das marcas Casas Bahia e Ponto Frio, cortou 11 mil trabalhadores no período. Magazine Luíza e Máquina de Vendas, segunda e terceira no ranking, respectivamente, por enquanto, decidiram não repor as vagas de quem saiu da empresa. E não descartam a possibilidade de demitir nos próximos meses.

Diante desse quadro, a CNC revisou as projeções para as vendas de fim de ano, após a divulgação dos dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Agora, a expectativa é de queda de 4% nas vendas do varejo restrito, essa é a 9ª revisão de expectativas que a entidade faz em 2015. Já no varejo ampliado, que inclui os setores de automóveis e materiais de construção, a previsão é de queda de 7,6%. Segundo o economista da CNC Fabio Bentes, não há “fatores concretos capazes de reverter o quadro recessivo do setor no médio prazo”.

A queda de 0,5% nas vendas do comércio em setembro foi a oitava consecutiva em 2015. No entanto, a retração foi a menor desde fevereiro, resultado que pode ser explicado pelo comportamento dos preços nos segmentos pesquisados pelo IBGE, cuja variação em setembro (+0,6%) foi a menor desde março deste ano (+0,3%). “Entretanto, a menor perda nas vendas ainda não permite identificar um início de recuperação do setor varejista”, disse Fabio Bentes.

O recuo mensal foi particularmente influenciado pelos ramos de artigos de uso pessoal e doméstico (-3,8%) e de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-1,7%). O varejo ampliado registrou oscilação de -1,5% em relação a agosto, com queda nas vendas do comércio automotivo (-4,0%) e de materiais de construção (-1,5%).

Pior trimestre dos últimos doze anos

Considerando o resultado do trimestre de julho a setembro de 2015, o período foi o pior do varejo na comparação com o mesmo período do ano anterior (-5,7%) desde os três primeiros meses de 2003 no conceito (-6,0%). No varejo ampliado, o recuo das vendas foi o maior da série histórica nessa base comparativa (-9,3%), superando, inclusive, os recordes de quedas verificados nos dois trimestres anteriores (-5,3%, no primeiro trimestre, e -7,5%, no segundo).

Dentre as regiões brasileiras, todas apresentaram quedas nos resultados pela primeira vez na história da PMC, tanto no conceito restrito quanto no ampliado. Espírito Santo (-11,3%), Goiás (-10,1%) e Paraíba (-9,1%) são os estados com desempenho mais fraco ao longo do ano.