João Doria
Governador de São Paulo (PSDB), ex-prefeito de São Paulo (jan.2017 a abr.2018) e empresário.
Independentemente de localização geográfica, situação econômica e regime político, mais de 15 países ao redor do mundo já aprovaram a distribuição de algum tipo de vacina para seus cidadãos.
Essa lista vai crescer dia a dia, cada vez mais rapidamente, por duas razões óbvias que, em tempos obscurantistas, devem ser necessariamente destacadas.
Em primeiro lugar, porque não há remédio cientificamente comprovado que evite a contaminação ou que seja capaz de curar de maneira eficiente e rápida os infectados pelo coronavírus. Infelizmente, é como repetir que a Terra não é plana. Se tal medicamento existisse, não estaríamos beirando os 2 milhões de mortos em todo o planeta.
Em segundo lugar, porque o avanço da atividade econômica e a recuperação dos empregos em escala global estão diretamente ligados à vacina contra a Covid-19. Na retomada do crescimento, largam na frente as nações que vacinarem primeiro suas populações.
Por essas razões, precisamos estancar urgentemente a inaceitável marca de mais de 700 brasileiros que a Covid-19 nos leva todos os dias. Os brasileiros não podem nem devem ficar para trás.
É estarrecedora a falta de planejamento e a insensibilidade do governo federal para com a saúde e o futuro dos brasileiros. Até agora, o Ministério da Saúde não indicou uma data precisa para começar a vacinação no Brasil. Já o governo de São Paulo, que desenvolve uma vacina em parceria entre o Instituto Butantan e a biofarmacêutica chinesa Sinovac, marcou para o dia 25 de janeiro o início da vacinação dos brasileiros no estado.
A vacina do Butantan é segura e eficiente. Os testes realizados até aqui indicaram quase 95% dos voluntários que tomaram o imunizante não tiveram nenhum efeito colateral. Em esmagadora maioria, as reações registradas são de baixíssima intensidade, como dor de cabeça e no local de aplicação.
Nas fases 1 e 2 do estudo clínico, a Coronovac se mostrou eficaz, com proteção acima de 90%. E estamos muito otimistas com a divulgação, nesta quarta-feira (23), do índice de eficiência obtido na fase 3, a última e definitiva antes do pedido de registro e aprovação do imunizante à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
A vacina do Butantan é do Brasil. Ela vem sendo testada e desenvolvida no nosso país por meio da excelência e capacidade de pesquisadores de diversos estados.
Desde junho, mais de 13 mil voluntários são monitorados por cientistas de 22 centros de pesquisa de excelência de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além do Distrito Federal. Este grande esforço coletivo da ciência brasileira é liderado pelo Instituto Butantan, um dos maiores produtores de vacinas e soros do mundo, orgulho do nosso país.
Não é só São Paulo que exige a vacinação como um direito fundamental para proteger milhões de vidas e oferecer um futuro melhor aos brasileiros. Após o anúncio do plano de vacinação em São Paulo, outros 12 estados e mais de 900 municípios solicitaram o imunizante ao Butantan.
O Brasil tem pressa e quer a vacina já.
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