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Uso da vacina da Pfizer exigiria mudanças na estratégia de imunização

Deputados da Frente Parlamentar do Coronavírus encerraram neste final de semana a etapa São Paulo da série de visitas técnicas à fábricas e institutos que estão na corrida pela vacina contra o COVID-19. A última reunião foi na sede da Pfizer, indústria farmacêutica norte-americana que já submeteu resultados da fase de testes de sua promissora vacina à Anvisa nos últimos dias.

O deputado Michele Caputo (PSDB), coordenador da Frente Parlamentar, afirma que o encontro foi fundamental para esclarecer pontos importantes sobre o desenvolvimento dessa vacina, como a questão do armazenamento das doses. “Sabíamos que esta vacina precisava ser guardada em temperatura mínima de 70 graus negativos. Isso tornaria uma campanha de vacinação inviável na maior parte do país. Contudo, a diretoria da Pfizer criou e vai fornecer um dispositivo de refrigeração novo, justamente para sanar essa dificuldade”, explicou.

O dispositivo teria capacidade para armazenar até 5.000 doses e também facilitaria o transporte, tendo em vista que ele dispensa a necessidade de estar ligado à energia elétrica porque utiliza gelo seco para manter a temperatura extremamente baixa.

Com isso, a vacina poderia ser conservada em condições ideais por até 15 dias (com reposição de gelo seco), sendo que nos últimos 5 dias as doses poderiam ficar em uma geladeira comum de vacinas, com temperatura de 2°C a 8°C.

“Sem dúvida é uma solução que traz viabilidade a campanha de imunização, mas ela teria que ser diferente. Ao invés de ofertá-la em vários postos de vacinação, teríamos que concentrar mais e fazer uma campanha com menos locais de imunização”, comenta Caputo, que já foi secretário de Saúde de Curitiba e do Paraná.

Preço – Desenvolvida em tempo recorde e utilizando uma técnica inédita (RNA mensageiro), a vacina da Pfeizer finalizou recentemente a fase 3 dos testes clínicos. Totalmente sintética, ela foi concebida a partir de estudos que já estavam sendo realizados para uma nova vacina contra a gripe.

De acordo com o diretor da Unidade de Negócios da Pfizer, Alejandro Lizarraga, ela se demonstrou bastante segura e atingiu um nível de 95% de eficácia após as duas doses. “No Brasil, nossos testes contaram com 2.900 voluntários de dois Estados [São Paulo e Bahia]. O estudo continua, mas já estamos dando encaminhamento ao processo de registro da nossa vacina junto à Anvisa. Esperamos que em janeiro ela já esteja aprovada e disponível para uso”, relatou.

Quanto à preço, Lizarraga afirmou que ainda não há definição, mas será um pouco abaixo do cobrado nos Estados Unidos, que foi US$ 19,50 (o equivalente a pouco mais de R$ 105,00).

Distribuição – Países como Estados Unidos, Canadá, Chile, Peru, Costa Rica, México, EUA e Japão já fecharam acordos para compra das vacinas da Pfizer. A previsão é que a vacinação comece a ser distribuída em dezembro nos EUA.

As informações levantadas durante as visitas técnicas da Frente Parlamentar serão colocadas no relatório que será entregue no final de dezembro ao Governo do Estado. O objetivo é subsidiar o Paraná na decisão de comprar vacinas contra a COVID-19. O poder executivo já tem R$ 200 milhões reservados no orçamento para este fim.

A agenda também contou com a presença do deputado Alexandre Amaro (Republicanos), membro da Frente Parlamentar do Coronavírus.