A prefeitura de Curitiba demitiu na última semana o agente de trânsito Aparecido Massaranduba, 36, autor de uma série de denúncias de irregularidades praticadas por dirigentes da Urbs – empresa de economia mista que gerencia o transporte coletivo e o trânsito da capital paranaense. O comunicado da demissão sem justa causa foi assinado no dia 1º de abril pelo presidente da Urbs, Marcos Isfer. "Essa demissão tem motivação política e pessoal, é uma retaliação", afirma o agente de trânsito. "Tenho quase 15 anos de serviços prestados à Urbs. Se eu fosse um mau funcionário, teria sido mandado embora por justa causa."
Aparecido Massaranduba avisa que fará um protesto solitário ao longo desta quinta-feira (9). Ele pretende ir a pé de sua casa, localizada no município de Campina Grande do Sul, região metropolitana de Curitiba, até a sede da Urbs, na Estação Rodoferroviária. No caminho, que deve durar várias horas, carregará uma cruz de madeira que ele próprio está construindo.
O agente pretende ainda iniciar uma greve de fome como forma de denunciar sua demissão e reivindicar a reintegração ao emprego. "Toda demissão é uma violência, ainda mais numa situação de crise econômica", afirma Massaranduba, que tem uma filha de três anos de idade e um filho de doze. "Vou conseguir emprego onde?"
Denúncias
Funcionário da empresa desde 1995, quando foi contratado após concurso público, Massaranduba revelou, em abril de 2003, que os ônibus de empresas ligadas à Urbs não eram multados pelos radares que controlam os limites de velocidade.
Encaminhada ao Ministério Público através do mandato do então vereador Adenival Gomes (PT), a denúncia motivou uma ação civil pública que tramita até hoje na 3ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba. São réus três ex-diretores da empresa municipal: Fric Kerin, Euclides Rovani e José Álvaro Twardowski. O prejuízo estimado aos cofres do município passa de R$ 5 milhões, conforme auditoria do MP.
Neste ano, Massaranduba denunciou a criação de cargos comissionados sem necessidade dentro da Urbs. Um deles é ocupado pela esposa de Augusto Canto Neto, nomeado presidente do Instituto Curitiba de Saúde (ICS) por Beto Richa. Um inquérito aberto pelo Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce) da Polícia Civil investiga a nomeação de Jaqueline Alessi Canto pela empresa.
Tanto Canto Neto quanto Marcos Isfer são filiados ao PPS (Partido Popular Socialista). "Isso não é coincidência. O presidente da Urbs tomou as dores de seu colega de partido, a minha demissão é um tipo de vingança", avalia o agente.
Massaranduba foi dirigente sindical do SindiUrbano e, por três vezes, foi eleito como representante dos trabalhadores na Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes). Em abril de 2006, foi agredido por um lutador de jiu-jitsu que pilotava uma moto sem capacete. A agressão o obrigou a fazer uma cirurgia devido ao deslocamento do maxilar.
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