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Universidades foram mais vigiadas

As Assessorias de Segurança e Informações (ASIs) da UFPR, UEM e, principalmente, na UEL estiveram entre as mais ativas do país. De acordo com artigo do pesquisador Rodrigo Patto Sá Motta, publicado na Revista do Arquivo Nacional de dezembro de 2008, o serviço de espionagem em Londrina se estendeu até 1982. A maioria das universidades fechou suas ASIs entre 1979 e 1980, impulsionadas pela Lei da Anistia em vigor a partir de agosto de 1979.

Os documentos consultados pela Gazeta do Povo contêm diversos informes sobre as ações do movimento estudantil da UEL. Em 15 de dezembro de 1980, o SNI foi informado sobre a tentativa de infiltrar alunos ligados a ações políticas no Projeto Rondon, iniciativa do governo federal para aproximar os universitários à realidade do interior do país.

“Além da participação, os estudantes deverão transmitir as palavras de ordem do movimento estudantil e também se aproximarem principalmente do homem do campo e dos habitantes das pequenas comunidades urbanas, aproveitando-se das reuniões para pregar sua luta contra o regime”, dizia o documento 2.613 produzido pela ASI da UEL naquele ano. O material traz fichas com a orientação políticas de 18 possíveis “infiltrados”.

Em outro documento, aparecem dois ofícios destinados ao reitor da UFPR entre janeiro e fevereiro de 1980. Eles são assinados pelo diretor da Divisão de Segurança e Informações do Ministério da Cultura na época, que coordenava as ASIs (não é possível identificar quem assina). No segundo, é comunicado o encerramento das atividades da ASI e há agradecimentos ao reitor (o nome não aparece no ofício, mas o reitor do período era Ocyron Cunha) pela “prestimosa colaboração” à assessoria.

Demitida da universidade em 1972 após ser presa pelos militares por envolvimento na Ação Popu­­lar, a professora aposentada Zélia Passos disse que só descobriu sobre o funcionamento da ASI da UFPR há pouco tempo. “Era um período de extrema desconfiança, todo mundo via todo mundo como possível informante. Mas nunca passou pela minha cabeça que havia um serviço de informações interno e institucionalizado”, disse a professora, que entrou na Justiça e foi readmitida em 1988.