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Uma nova Itaipu ajuda a criar uma nova Foz do Iguaçu

Chico Brasileiro

Foz do Iguaçu, no Paraná, não é uma cidade rica. Mas divide duas maravilhas de valor incalculável: as Cataratas do Iguaçu, na fronteira com a Argentina, e a usina de Itaipu, na qual o Brasil e o Paraguai são sócios igualitários. Das Cataratas, nem é preciso falar muito: é por causa dessa fantástica formação que Foz do Iguaçu recebe visitantes do mundo inteiro.

E Itaipu? Foi a construção da usina, lá no final dos anos 1970, que provocou uma explosão demográfica na região de fronteira. A população de Foz, em poucos anos, saltou de 30 mil para 170 mil pessoas (hoje, somos cerca de 270 mil). Claro que isso significou um grande problema a ser administrado, naquela época, mas Foz recebeu investimentos em infraestrutura, o mercado imobiliário se expandiu e o turismo, auxiliado também pelas compras no Paraguai, que sempre atraíram milhares de brasileiros, se profissionalizou até se tornar hoje o setor que mais gera empregos na cidade.

Hoje, Foz do Iguaçu vive uma fase que só tem precedentes, como eu disse, na construção de Itaipu. Mas sem os inconvenientes da vinda massiva de gente de toda parte em busca de trabalho na usina. Esta nova Foz do Iguaçu, como agora eu chamo, teve em 2019 apenas boas surpresas, com o atendimento de reivindicações que eram sonhadas há muitos anos por nossa gente. Graças à sensibilidade e entendimento do governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Júnior, e do diretor-geral brasileiro de Itaipu, general Joaquim Silva e Luna.

Do governador, além do apoio ao nosso hospital municipal, a população de Foz do Iguaçu recebeu de presente um grande viaduto logo na entrada da cidade, que vai resolver problemas sérios de circulação de veículos. O viaduto foi construído em tempo recorde, o que também é admirável. A previsão era de entrega em abril de 2020, mas agora em dezembro já estará liberado para o tráfego. Um belo presente de Natal, sem dúvida.

Quanto a Itaipu, na margem brasileira, é dela que “roubei” o título de “nova Foz do Iguaçu”. Na verdade, em apenas nove meses de gestão, o general Joaquim Silva e Luna provocou uma grande transformação na empresa, a tal ponto que os empregados e até os próprios moradores dizem que virou “uma nova Itaipu”. A gestão de Silva e Luna já começou surpreendendo: ele foi o primeiro diretor-geral brasileiro a fixar moradia em Foz do Iguaçu e, com seu exemplo, os demais diretores também se tornaram moradores de nossa cidade. Nada mais justo, já que Foz é a sede brasileira de Itaipu, mas ninguém pensou assim antes dele.

A grande transformação, no entanto, veio com a mudança no enfoque de utilização dos recursos de Itaipu. Silva e Luna reduziu custos e, principalmente, deu atenção especial aos recursos disponíveis para convênios e patrocínios. Aqueles que não atendiam à missão da usina foram cancelados e o dinheiro redirecionado para obras estruturantes na região. Esse redirecionamento corresponde a R$ 600 milhões, verba suficiente para a construção da Ponte da Integração Brasil-Paraguai, entre Foz do Iguaçu e Presidente Franco, para ampliação da pista de pouso e decolagem no Aeroporto Internacional das Cataratas e até para reformas e melhorias no Hospital Ministro Costa Cavalcanti, que atende pacientes pelo SUS e é um dos mais importantes do Sul do Brasil.

O nosso aeroporto tinha uma estrutura acanhada, que não condizia com a importância turística de Foz do Iguaçu. A Infraero, desde o ano passado, está executando obras – algumas já concluídas – que vão aumentar a capacidade do aeroporto de 2,6 milhões para 5 milhões de passageiros/ano. A Itaipu já havia entrado com recursos para a construção do pátio de manobras e para a duplicação da pista entre o aeroporto e a BR-469, a Rodovia das Cataratas. Mas o mais importante veio depois: a binacional decidiu investir R$ 55 milhões dos R$ 70 milhões necessários para ampliar a pista de pouso e decolagem, que permitirá ao terminal receber voos de longa distância. Isto é, Foz do Iguaçu poderá ter ligações diretas com cidades da Europa e da América do Norte, com um novo salto no setor turístico, talvez o mais importante da história recente.

Outro grande legado que a Itaipu deixará para a população de nossa fronteira é a Ponte da Integração Brasil-Paraguai, a segunda ligação entre os dois países sobre o Rio Paraná. A Ponte da Amizade, inaugurada em 1965, já não comporta o fluxo de até 40 mil veículos por dia. Com a nova ponte, a antiga ficará exclusiva para o turismo e para a circulação vicinal. Os veículos de carga utilizarão a nova ponte, que contará com uma via exclusiva para acesso à BR-277. Os caminhões provenientes do Paraguai e da Argentina ou do Brasil com destino a esses dois países não vão mais circular pelas vias centrais de Foz do Iguaçu, melhorando o trânsito e, principalmente, eliminando o risco de acidentes, dos quais infelizmente tivemos vários registros nesses anos.

A nova ponte entre o Brasil e o Paraguai, financiada integralmente por Itaipu, deverá ficar pronta em três anos. Ela representa um potencial imenso para as duas margens. Além de facilitar as trocas entre os dois países, permitirá conexões com a Argentina, a Bolívia, o Peru e o Chile, o que deverá trazer a Foz mais investimentos e novos negócios, já que a cidade será a porta de entrada e saída de mercadorias e riquezas. Futuramente, é possível que haja até mesmo uma rota bioceânica, ligando o Porto de Paranaguá aos portos do Pacífico, no Chile.

Tudo isso graças à visão do general Joaquim Silva e Luna, que atende exatamente o que prega a missão de Itaipu: “impulsionar o desenvolvimento econômico, turístico e tecnológico, sustentável, no Brasil e no Paraguai”. As obras que Itaipu financia em Foz do Iguaçu cumprem o que prega a missão de nossa binacional, mas é preciso alguém com determinação e coragem para mudar padrões estabelecidos, interna  externamente à usina binacional, para fazer de fato uma “nova Itaipu”, que agora contribui firmemente com uma “nova Foz do Iguaçu”.

Como prefeito de Foz, tenho também do que me orgulhar. Há poucos dias, a cidade recebeu a classificação de Boa Gestão da Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), título obtido pela primeira vez desde que a pesquisa foi iniciada, em 2013. Esse título é resultado de um trabalho árduo para reequilibrar as contas públicas e ampliar a capacidade de investimentos no município, pois temos a missão de fazer de Foz do Iguaçu uma cidade melhor. E temos bons parceiros que também pensam assim.

Chico Brasileiro (PSD) é prefeito de Foz do Iguaçu