O líder do Governo Ademar Traiano (PSDB), que se notabilizou nos oito anos do Governo Roberto Requião (PMDB) pelos ataques ferozes sob o manto de uma suposta defesa dos interesses públicos, agora ganha os holofotes por defender aquilo que tanto combatia.
A dupla personalidade de Traiano foi escancarada nesta terça-feira (28), em nota na coluna de Celso Nascimento (Gazeta do Povo), com base em uma defesa quase indefensável do Governo Beto Richa (PSDB), alvo de críticas do deputado Tadeu Veneri (PT).
Veneri questionava o preço das cópias pagas pelo Governo do Estado em um contrato de emergência, celebrado seis meses após vencer o contrato da era Requião.
O detalhe curioso é que o contrato emergencial foi feito com a mesma empresa, a H.Print. A seguir a íntegra da nota de Nascimento:
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Nada se cria, tudo se copia
Se o líder do governo na Assembleia, deputado Ademar Traiano, quiser fazer uma (uma só) cópia xerográfica desta coluna, vai ali na esquina com 10 centavos e volta com a cópia. No preço está incluído o papel. Ontem, no entanto, ele defendeu como um bom negócio o preço que o governo paga pelos milhões de cópias que faz, em média de R$ 0,1175 por unidade (fora o papel, que é por conta da viúva).
Traiano respondia a um pronunciamento do deputado Tadeu Veneri (PT) que, além de estranhar o alto preço, estranhava também o fato de o governo não ter providenciado uma nova licitação desde que o contrato com a empresa H. Print terminou em janeiro. Seis meses depois é que o governo, ao invés de licitar, decidiu recontratar a mesma H.Print em caráter emergencial, ao custo de quase 12 centavos.
O líder acha que foi um bom negócio, pois antes da recontratação a H. Print cobrava 15 centavos (primeiro o governo falou em 13 centavos). Portanto, diz ele, houve economia de 26%. O custo mensal total, que era de R$ 993 mil, caiu para R$ 735 mil.
Mas Traiano está ainda mais otimista. Informou que, quando for feita a licitação, o preço cairá para 7 centavos. Ora, então por que já não se fez a licitação? A economia não teria começado antes e não seria muito maior?
O episódio revela algo curioso: sem trocadilho, oposição e situação se copiam. Quando era oposição, Traiano se espantava com o preço que a situação pagava pelas tevês laranjas, de R$ 860 no atacado (22 mil aparelhos) e sem imposto, ao passo que, na loja, o mesmo televisor era comprado a R$ 710 por unidade, incluindo impostos e em 10 prestações. O problema é o mesmo; só os papéis é que estão invertidos. Nada se cria, tudo se copia.
Não muda nada, só as moscas. Aliás, essa mosca já está muito velha para estar onde está.