Por Thea Tavares, no Circuito Rock:
Há décadas a topetuda sociedade curitibana torce o nariz para a cultura punk da cidade. A intolerância latente sempre se chocou com os conceitos libertários do movimento e olhou com preconceito para tatuagens e piercings que estampam o estilo radical de quem faz acontecer.
Com raros espaços para mostrar seu trabalho, as bandas punks praticamente percorrem carreiras inteiras entrincheiradas nas garagens e nos poucos locais de ensaio e apresentação que existem. Mas a coisa está mudando.
O underground curitibano ganhou nos últimos cinco meses um novo “front” de batalha para defender suas expressões artísticas e culturais: é o Front Bar, na Treze de Maio, esquina com a Almirante Barroso, próximo às ruínas do São Francisco, que quer manter na região central da cidade um ponto de referência e um espaço para essa produção.
Não é à toa que o movimento punk vai realizar no próximo domingo, dia 31 de julho, a partir das 14h, o segundo show de bandas punks do Front Bar, sob o sugestivo nome de “Suspiro!!”, um alívio pela conquista do espaço. Onze bandas vão subir no palco, entre elas os garotos do SOS Chaos, Piolhentos, Rabo de Galo, Macedonia, Valets, Mustaphorius e Dona Ju.
O vocalista do SOS Chaos, Alexandre Ricardo de Souza, sente essa mudança dos tempos e é um entusiasta da ampliação dos palcos de divulgação do punk e do punk rock. “Quando muitos lugares cobram das bandas para poderem tocar e isso limita a divulgação dos seus trabalhos, o Front, de cara, aceitou abrir aos domingos as portas pra gente”, comenta Alexandre.
Outro sinal dos tempos que ele aponta é que a cada show que o movimento punk empreende em Curitiba, novas bandas surgem, vindas dos mais diversos porões de ensaio e sedentas por ganhar visibilidade. Novidade também é o fato do evento ser patrocinado pela Destroyer – Instrumentos Musicais -, que cede os equipamentos para o show e elimina mais esse peso das costas da galera.
Conta ainda com o apoio do Tatoo Rock Bar e do estúdio TNT. Esse novo ambiente já sinaliza para um futuro promissor porque o sucesso de agora é só o começo de uma nova fase na cena punk, que não descarta realizar festivais temáticos.
“Infelizmente, não deu pra colocar já todas as bandas que gostariam de se apresentar e muitas ficaram de fora. Estamos prevendo que os próximos eventos terão de acontecer por dois ou mais dias”, projeta o vocalista do SOS Chaos.
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