A personalidade fechada e conservadora tem reflexos no comportamento afetivo e sexual dos curitibanos. Se comparado a habitantes de outras nove capitais brasileiras, o curitibano é o povo que menos faz sexo. As mulheres da capital paranaense são as que menos diferenciam sexo de amor e as que apresentam menor índice de satisfação em relação à vida sexual.
Os homens, segundo reportagem da Gazeta do Povo, são os que menos usam preservativo e os que se mostram mais conservadores quanto ao sexo sem envolvimento. Os curitibanos são ainda os que afirmam ter o menor número de parceiras significativas ao longo da vida, mas são os que mais conversam sobre sexo com a família.
Os resultados fazem parte da pesquisa Mosaico Brasil, patrocinada pela Pfizer, que entrevistou 8.237 pessoas em dez cidades brasileiras ao longo de 2008 com o objetivo de traçar um perfil do comportamento afetivo-sexual do brasileiro.
Segundo o estudo, os homens de Curitiba têm em média 2,7 relações sexuais por semana e as mulheres 2,1. Os números estão abaixo da média nacional, que é de 3,1 relações para os homens e 2,7 para as mulheres. Os campeões na cama são os homens mineiros, que têm em média 3,8 relações por semana e as mulheres de Manaus, com 2,7.
Amor é bossa nova
A pesquisa revelou ainda uma mudança no comportamento em relação há algumas décadas. Homens e mulheres estão separando sexo de amor. Os dados nacionais mostram que 61% dos homens e 54% das mulheres distinguem a vida sexual da vida afetiva. Em Curitiba, no entanto, a visão é um pouco mais conservadora: apenas 43% das mulheres fazem essa separação, a menor média entre as capitais. Homens de Fortaleza (65,9%) e mulheres de Manaus (60,4%) são os que mais se destacam nessa distinção.
O estudo apontou também que para 45% dos brasileiros a vida sexual e afetiva é satisfatória. No entanto, quando se separam as duas coisas, quase 30% dos homens e mulheres se dizem realizados apenas afetivamente. Mas o percentual de homens que se diz realizado apenas sexualmente é o dobro do das mulheres, 15,8% contra 8,7%. Regionalmente, os índices mais baixos de satisfação sexual foram encontrados entre os homens de Manaus (10,7%) e as mulheres de Curitiba (7,1%). Os mais realizados sexualmente são os homens de Porto Alegre (18,4%) e as mulheres de Fortaleza (10,7%).
Para a responsável pelo estudo, a professora Carmita Abdo, coordenadora do Projeto Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital de Clínicas de São Paulo, a pesquisa mostra bem as diferenças culturais e comportamentais das diferentes regiões do Brasil. “O sexo não é um assunto que faz o curitibano perder a cabeça. Em outras pesquisas já demonstramos que o curitibano é o povo mais fiel. Ele valoriza o sexo, mas não tanto como os mineiros, por exemplo”, comenta.
Em relação à qualidade de vida, o sexo apareceu como terceiro item mais importante entre os homens e o oitavo entre as mulheres de todo o Brasil. As paulistanas são as que mais o valorizam, colocando a vida sexual satisfatória como o terceiro indicador de qualidade de vida. Homens cariocas são os que dão mais importância ao sexo. São eles também os que menos vêem problema em ter relações sexuais sem envolvimento (82,7%). Os curitibanos, ao contrário, são os mais conservadores, apenas 65,5% dos homens fariam sexo sem envolvimento. Entre as mulheres, as mais reservadas são as mineiras: apenas 30,9% delas iriam para a cama com alguém que não estivessem envolvidas.
De acordo com o levantamento, os homens de Curitiba são os que menos usam preservativo: 38,7% afirmaram nunca se proteger. O número não é muito distante da média nacional, que revela que 34,2% dos homens não têm esse cuidado. “Isso é preocupante e mostra que o uso do preservativo continua muito aquém do desejado. O hábito de se proteger é algo que tem que ser ensinado desde a infância, é muito mais difícil mudar um comportamento depois de adulto”, observa a pesquisadora. Segundo ela, o uso da camisinha é mais freqüente entre homens homossexuais. “A mulher ainda negligencia mais sobre isso, se o parceiro toma a iniciativa de usar ela não se queixa, até se sente valorizada, mas ainda não aprendeu a cobrar”, afirma.
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