A UEL conquistou lugar de destaque nas pesquisas envolvendo as modificações genéticas do novo coronavírus no estado. A Universidade é uma das 16 instituições de ensino do Paraná, entre públicas e particulares, que integram o Projeto Genoma Covid-19, conduzido pela Rede de Estudos Genômicos do Paraná, sob a supervisão do coordenador do curso de Medicina da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), médico e professor David Livingstone Alves Figueiredo.
A iniciativa é um esforço coletivo de mais de 200 pesquisadores para analisar e descobrir os mecanismos genéticos que regulam a infecção, contribuindo para o tratamento da doença. O trabalho consiste na coleta e envio das amostras de todas as regiões do estado para Guarapuava. Esse material genético, então, é sequenciado e analisado. Uma das envolvidas é a professora e pesquisadora Andrea Name Colado Simão, do Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas (PAC), do Centro de Ciências da Saúde (CCS). A pesquisadora conta que foram coletadas centenas de análises de pacientes de todo o estado e, de todas as amostras, as 150 melhores foram escolhidas, entre as quais muitas coletadas na UEL, o que evidencia a boa qualidade das amostras coletadas em Londrina.
“A Universidade e o Hospital Universitário saíram na frente, desde o início da pandemia. Conseguimos diagnosticar rapidamente, abordar o paciente para que ele participe da pesquisa e, depois, coletar os dados. Tudo isso está sendo feito muito rapidamente e já chamou a atenção do Governo do Estado, que quer que esse grau de eficiência seja replicado”, ressalta a pesquisadora. Até agora, foram genotipadas 78 amostras.
Em Londrina, participam do processo de abordagem, coleta e envio dos materiais, além de Andrea, a médica infectologista e professora do Departamento de Clínica Médica (CSS) Zuleica Tano e mais dois estudantes de Iniciação Científica (IC) do curso de Medicina/CCS.
Resultados – O estudo mostrou, em resultados preliminares a partir de coletas efetuadas entre outubro de 2020 e janeiro de 2021 das 78 amostras genotipadas, que 11% das amostras são da linhagem P.2 (B.1.1.28.2), identificada no mês passado no Rio de Janeiro. Isso significa que a variante já estava circulando no estado antes mesmo da primeira notificação no País.
Amostras – Compreender a forma de espraiamento do novo coronavírus no Paraná só é possível, de uma forma bastante eficaz, se muitas amostras de genoma sequenciado de boa qualidade estiverem à disposição. Pensando nisso, o Governo do Estado, através da Fundação Araucária, aumentou de 150 para 300 amostras, para obter informações em abundância sobre a circulação do vírus na região.
Os benefícios das pesquisas para a população em geral, na avaliação de Andrea, são diversos. Com uma análise acurada, é possível ter dados sobre a infectividade do vírus, a gravidade dos sintomas, a eficácia da vacinação, entre outros. “Estamos observando que essa nova linhagem tem infectado cada vez mais pessoas jovens. Por que isso está ocorrendo? Será que no Brasil a variante inglesa, por exemplo, vai se comportar do mesmo modo? Estamos tentando responder a todas essas perguntas”.
A coleta das novas amostras de pacientes infectados com a Covid-19 já está em andamento. Os resultados das análises, segundo Andrea, devem ser divulgados até o fim do semestre. Vale ressaltar que a pesquisa conta ainda com bolsas de doutorado e pós-doutorado custeadas pela Fundação Araucária e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
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