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TUCANOS JÁ PENSAM EM 2010, DIZ FOLHA DE SÃO PAULO

Em Curitiba, a corrida pela prefeitura promete ter contornos estaduais, já que o PSDB do prefeito Beto Richa –que tenta a reeleição e teve 72% das intenções de voto na pesquisa Datafolha publicada hoje– pretende manter sua aliança para a sucessão ao governo do Paraná, em 2010. A chapa de Richa é apoiada por 11 partidos, entre eles DEM, PPS e PDT.

No lançamento da candidatura do tucano, as siglas firmaram pacto informal de união para a sucessão ao governador Roberto Requião (PMDB). "Não fiz uma aliança esdrúxula", disse Richa, ao comentar a pesquisa. "Isso ajuda na hora de reunir os aliados." A aliança também garantiu ao prefeito o maior tempo de televisão no horário eleitoral: 11 minutos e 46 segundos.

Com 12% de intenções de voto e na segunda colocação, a candidata do PT, Gleisi Hoffmann, passou o dia de hoje reunida com a equipe de campanha e disse, por meio de sua assessoria, que –tendo apenas três semanas de campanha– é bom aparecer "com dois dígitos" no Datafolha. A candidata disse que "ainda há tempo" de tentar levar a disputa para o segundo turno.

O deputado estadual Valdir Rossoni, presidente do PSDB no Paraná, diz que a discussão sobre a sucessão curitibana envolvendo o governo Requião "era inevitável" na campanha. "É a leitura que nós captamos junto à população. É grande o desgaste do péssimo governo que temos no Paraná", afirmou.

A assessoria de Requião disse que "o senhor Rossoni deveria ficar em silêncio, pois não há termos de comparação entre este governo e aquele que o antecedeu [de Jaime Lerner], cujo líder era Rossoni, um deputado empenhado em defender programas fracassados como privatizações e cobrança de pedágios em rodovias".

O cientista político Ricardo Oliveira, da UFPR (Universidade Federal do Paraná), diz que o fato de o PT não conseguir sair da órbita de influência de Requião beneficiam Richa, filho de José Richa (morto em 2003), que governou o Estado entre 1983 e 1986. "Beto Richa é beneficiado pelo fim de um ciclo político, o de Roberto Requião, além de carregar o sobrenome de uma das mais respeitadas administrações de governadores após o fim da ditadura", disse.

Para o cientista político Adriano Codato, também da UFPR, firmar alianças para eleições futuras é arriscado. "O projeto pode falhar. Essas parcerias dependem de distribuição de cargos, além de ser um provincianismo às avessas achar que o que ocorre em Curitiba pode ser estendido a todo o Estado", afirmou Codato.

por Dimitri do Valle – da Agência Folha de S. Paulo