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Tubotecas de Curitiba têm prateleiras vazias duas semanas após inauguração

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por Antonio Senkovski, na Gazeta do Povo

As Tubotecas, bibliotecas informais instaladas em estações-tubo do transporte coletivo de Curitiba, têm experimentado a solidão, sentimento tratado em algumas das obras literárias que ocupavam o espaço das prateleiras em sua inauguração, no último dia 28 de março.

Com capacidade para guardar até 150 livros, as Tubotecas têm convivido nos últimos dias com poucos títulos – quando muito cinco ou seis exemplares que não despertam a atenção. Com isso, os usuários do transporte coletivo da capital paranaense dividem-se entre o entusiasmo com a ideia e a frustração de nem sempre sair com uma opção de leitura para os deslocamentos de ônibus.

Em um fim de tarde ensolarado, nesta quarta-feira (18), em tubos da Praça Carlos Gomes e da Praça Rui Barbosa, mal dava tempo para os títulos se assentarem na prateleira que em segundos já eram disputados por pessoas de todas as idades. A falta de opções era evidente, mas, apesar disso, provocava um misto de satisfação e frustração entre os amantes da leitura.

Alisson Ferreira, 25 anos, técnico de manutenção, se escorou ao lado da pequena biblioteca com o livro que pegou na semana passada embaixo do braço. Morador de Campo Largo, ele mudou de hábitos desde que o projeto começou a funcionar e passou a pegar o biarticulado na Praça Rui Barbosa para conseguir emprestar as obras. “Estou aqui esperando alguém deixar algum livro bom pra que eu possa levar pra ler. Eu mesmo já deixei vários aqui”, contou.

Ferreira voltou para casa com um livro deixado por uma moça apressada na mochila, que largou o título sem nem dar chance de os observadores verem o título. Já a estudante Nicole Torres Pacheco, 13 anos, não teve a mesma sorte. Depois de passar o olho entre as cinco opções disponíveis – além de uma revista de religião –, desistiu da busca e andou em direção à porta número 1 para esperar o ônibus. “Eu faço um curso preparatório [para um processo seletivo] e os livros de literatura me ajudam bastante na língua portuguesa, só que hoje não tinha nenhum do meu interesse”, disse.

Fundação comemora bom resultado

A falta de livros é vista como resultado do sucesso do projeto pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC). O presidente da entidade, Marcos Antonio Cordiolli, reconhece uma demanda ainda a ser atendida, mas celebra o sucesso das primeiras semanas do projeto. “Não consideramos [as prateleiras vazias] um problema, consideramos uma vitória, porque a partir do momento que faltam títulos significa que ainda há uma demanda reprimida. Em uma prospecção inicial – que costuma ter uma hipótese simplista –, não achávamos que seriam tantas as pessoas interessadas na leitura”, comemorou.

Mas a “solidão” das prateleiras, no que depender dos organizadores do projeto, estão com os dias contados. Ainda demora um pouco para que novos títulos passem a circular pela cidade, mas inúmeras instituições demonstraram interesse em doar livros em grandes quantidades. Já está confirmada a doação, pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), de 5 mil volumes.

Veja a reportagem completa no site da Gazeta do Povo

Foto: Henry Milleo / Agencia de Noticias Gazeta do Povo