Os corpos de 104 das 228 vítimas do acidente com o voo 447 da Air France, ocorrido há dois anos, chegaram nesta sexta-feira à capital francesa, onde acontecerá um longo processo de identificação.
Os três primeiros caminhões funerários chegaram por volta das 9h locais (4h de Brasília) ao Instituto Médico Legal (IML) de Paris, onde estavam alguns familiares das vítimas, informa a France Presse.
Os contêineres com os corpos foram transportados por estrada durante a noite a partir de Bayonne, sudoeste da França, onde chegaram na quinta-feira a bordo do navio “Ile-de-Sein”, que também transportou destroços do avião.
O IML será responsável pelos exames técnicos e das arcadas dentárias, assim como pela extração de mostras de DNA, que possibilitarão a identificação das vítimas.
As operações mobilizarão três médicos legistas, dois radiologistas e dois ortodontistas.
Cinquenta corpos haviam sido encontrados após o acidente, que aconteceu em junho de 2009. Assim, mais de 70 permaneceram no fundo do oceano.
“A comissão de identificação validará (…) este trabalho de identificação para permitir que as famílias de recebam e enterrem seus mortos”, disse uma fonte policial.
“Será preciso estabelecer pelo menos uma semana, ou até duas, antes de apresentar elementos”, segundo o comando da polícia, para quem “o objetivo é entregar o quanto antes e o mais rápido possível os corpos às famílias”.
O chefe do Instituto de Pesquisas Criminais da Polícia Militar Nacional, François Daoust, havia estimado no dia 13 de junho que o trabalho de identificação levaria “semanas, e até meses”.
O processo de identificação divide as famílias. Já indignadas no final de maio com o “desenrolar caótico da investigação técnica, elas têm opiniões divergentes sobre a decisão da justiça de resgatar seus entes para identificação.
“A operação suscitou polêmica, já que alguns queriam e outros não. Tínhamos pedido à juíza que indicasse em quais condições de dignidade o resgate dos corpos seria organizado”, explicou o vice-presidente da Associação Ajuda Mútua e Solidariedade AF447, Robert Soulas.
DADOS
Quase dois anos após a queda do avião que fazia o voo 447, o BEA divulgou no último dia 27 de abril os primeiros dados registrados nas caixas-pretas.
O relatório aponta que o avião caiu por 3 minutos e 22 segundos antes de tocar a superfície do oceano a uma velocidade de cerca de 200 km/h.
Segundo o BEA, o relatório descreve “de maneira factual a sequência dos acontecimentos que levaram ao acidente”. As primeiras análises definitivas serão apresentadas somente no fim de julho. “Só depois de um trabalho longo e minucioso de investigação é que as causas do acidente serão determinadas e as recomendações de segurança serão emitidas, o que é a principal missão do BEA”, informou o órgão.
Áh… Se os mortos voltassem prá falar. Aí tem!