Thales de Menezes
Folha de S. Paulo
O aniversário de 40 anos de “The Dark Side of the Moon”, principal álbum do grupo inglês de rock Pink Floyd, será comemorado hoje com um motivo a mais para festa.
Na última quinta-feira, o disco lançado em 24 de março de 1973 passou a integrar o acervo da gigantesca e relevante Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos.
Mais um reconhecimento ao álbum com a famosa capa do feixe de luz que atravessa um prisma e vira arco-íris, que já vendeu 50 milhões de cópias, 15 milhões delas no mercado americano. Nos formatos LP e CD, esteve entre os 200 mais vendidos em 803 semanas não consecutivas.
As gravações serviram como uma terapia para os integrantes da banda: o baixista Roger Waters, o guitarrista David Gilmour, o tecladista Richard Wright (1943-2008) e o baterista Nick Mason.
O oitavo disco do Pink Floyd traz letras que falam de amor, dor, ambição e demência -referências diretas a Syd Barrett (1946-2006), cantor nos dois primeiros álbuns do Pink Floyd que deixou a banda em 1968 e foi diagnosticado com problemas mentais.
A intrincada sonoridade, que a cada audição parece revelar nuances ainda não percebidas, foi construída com ajuda de muitos shows. Na época, o Pink Floyd cumpria turnês na Europa que arrebatavam cada vez mais fãs.
O grupo tratava a experiência no palco como uma coisa quase sacra, e a plateia comungava com o quarteto. Fez shows antes, durante e depois das gravações, chegando a tocar faixas inéditas, que depois entrariam em “The Dark Side of the Moon”.
ABBEY ROAD
O disco foi gravado em diversas sessões no estúdio Abbey Road, entre junho de 1972 e janeiro de 1973. Além dos inusitados recursos para a obtenção de sons estranhos, o trabalho foi marcado por brigas e interrupções que são parte do folclore do rock.
Entre elas, a parada obrigatória cada vez que a TV exibia o programa do grupo de humor Monty Phyton.
Muitos dos elementos “esquisitos” no estúdio -como barulhos feitos com notas e moedas em “Money” e vários tique-taques de relógios em “Time”- foram sugestões do produtor Alan Parsons. Entre os delírios sonoros, a gravação de uma pessoa correndo em volta de um microfone!
No entanto, nenhuma maluquice supera a propalada sincronia do áudio do álbum com a projeção do filme “O Mágico de Oz”, de 1939.
Waters e Gilmour negam até hoje, com veemência, que isso tenha sido planejado pela banda, mas são tantas coincidências que fica difícil acreditar na dupla.
Inúmeras ações nas cenas do filme acontecem exatamente nos instantes em que músicas começam ou têm algum acorde marcante.
Uma das favoritas dessa brincadeira é a cena em que o Homem de Lata, que não tem coração nem cérebro, dança alucinado quando o disco chega à faixa “Brain Damage” (“dano cerebral”).
A “lenda” tem tanta força que o disco teve picos de venda quando “O Mágico de Oz” saiu em VHS, porque as pessoas queriam tocar os dois ao mesmo tempo e comparar.
VÁRIAS VERSÕES
Já foram lançadas 18 edições diferentes de “The Dark Side of the Moon”, variando formatos e qualidade técnica de reprodução. A mais audaciosa é “The Dark Side of the Moon – Immersion Box Set”, com seis discos (entre CDs e DVDs) de remasterizações, demos, documentários e shows. Custa cerca de R$ 600 em lojas importadoras.
O álbum gerou tanto culto que há produtos no mercado brasileiro que tentam decifrá-lo: o livro “The Dark Side of the Moon”, de John Harris (Zahar, 224 págs., R$ 50) e o documentário em DVD “Classic Albums: Pink Floyd and the Making of The Dark of the Moon” (importado, R$ 60).
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