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Teori Zavascki vai relatar processo de André Vargas no STF

O ministro do STF, Teori Zavascki, vai relatar parte da investigação da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, na qual o deputado federal André Vargas (ex-PT) é citado. Na terça-feira (13), a investigação foi enviada ao STF por determinação do juiz Sérgio Fernando Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba, pelo fato de Vargas ter foro privilegiado. Por ser parlamentar, cabe ao Supremo apurar a relação entre Vargas e o doleiro Alberto Youssef, preso pela PF.

O processo foi distribuído nesta sexta-feira (16) para Zavascki, que também é relator de uma reclamação do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa contra decisão do juiz federal Sergio Moro, que determinou sua prisão. André Vargas não é investigado na Operação Lava Jato, no entanto, a suspeita de envolvimento entre o parlamentar e o doleiro foi descoberta durante as investigações.

Com autorização da Justiça, a Polícia Federal quebrou o sigilo de 270 mensagens de texto trocadas entre Vargas e Youssef e descobriu a relação próxima entre eles. A primeira conversa monitorada pela PF foi no dia 19 de setembro do ano passado e a última, no dia 12 de março deste ano.

Inicialmente, a PF teve dificuldade para concluir que o interlocutor André Vargas se tratava do deputado. As mensagens foram enviadas de celulares da marca Black Berry, aparelhos considerados mais seguros, devido à grande capacidade de ocultar a identidade dos usuários.

Com a quebra do sigilo telefônico, a PF descobriu que o número de identificação fornecido pela Black Berry era o mesmo do aparelho do deputado. Os agentes da PF chegaram aos contatos do deputado por meio de vários cartões de visita de Vargas que foram apreendidos na GFD Investimentos, uma das empresas de Youssef.

O doleiro é suspeito de chefiar esquema de lavagem de dinheiro que movimentou R$ 10 bilhões e tinha elos com partidos como o PT, PP e PMDB. Um dos indícios, revelado pela Folha, foi o empréstimo do jatinho de Youssef a Vargas para uma viagem de férias –o voo tem custo estimado em R$ 110 mil.

Vargas também ajudou laboratório controlado por Youssef, o Labogen, a obter parceria de R$ 31 milhões com o Ministério da Saúde. “Há indícios de que a Labogen não teria estrutura mínima para a obtenção da parceria”, escreveu o juiz Sérgio Moro no despacho enviado ao Supremo. A parceria foi cancelada após a Folha revelar que o doleiro estava por trás do negócio. Ministro à época do acordo, Padilha diz apoiar o rompimento e nega envolvimento.

Para o advogado de Vargas, José Batochio, o juiz extrapolou sua função ao citar os crimes sobre os quais acredita haver indícios contra o deputado. Já o advogado de Youssef, Antônio Figueiredo Basto, diz ser “um equívoco” enviar apenas uma parte da investigação ao STF.