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Temendo ser questionada sobre Geievski, Gleisi evita a imprensa do PR

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A sombra de Eduardo Gaievski, o ex-assessor acusado por 26 estupros e diversos outros crimes sexuais, transformou a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil), em uma criatura arisca e pouco acessível no Paraná, conforme anota o colunista Ucho Haddad.

Apesar de ser candidata ao Palácio Iguaçu em 2014, Gleisi foge dos jornalistas do Paraná como o diabo foge da cruz, desde agosto, quando Gaievski foi preso. Em seu próprio estado, a ministra não dá entrevistas e quando fala à imprensa é para veículos previamente selecionados.

Os motivos para esse temor não se limitam ao constrangimento natural por ter levado um pedófilo conhecido à Casa Civil para cuidar de políticas relativas a menores, nem ao fato de tê-lo instalado a poucos metros da presidente Dilma Rousseff. Gleisi não deseja ser questionada, novamente, sobre como ignorou a folha corrida de Eduardo Gaievski antes de transformá-lo em assessor especial. Outro assunto que a chefe da Casa Civil prefere não ouvir é como o predador sexual teria burlado os rigorosos controles da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

Em uma das raríssimas ocasiões em que foi obrigada a abordar o assunto Gaievski, durante visita ao Paraná, Gleisi deu a entender que mal conhecia o pedófilo, demitido assim que suas delinquências sexuais vieram à tona, e que deseja que sofra punição exemplar caso sua culpa se comprove. Apesar de extremamente curta, a declaração de Gleisi é colocada em xeque.

A tese de que mal conhecia Gaievski é desmentida pelo fato de que seu marido, o ministro Paulo Bernardo da Silva (Comunicações), recebeu o título de cidadão honorário de Realeza (cidade da qual Gaievski foi prefeito duas vezes, de 2005 a 2012) das mãos do próprio pedófilo, em 2007. O monstro da Casa Civil era uma estrela em ascensão no PT do Paraná e apontado como um exemplo a ser seguido no “modo petista de governar”.

A tese de que demitiu o assessor tão logo soube das acusações, também não é exata. Não foi Gleisi que demitiu o assessor, mas o próprio Gaievski quem pediu afastamento do cargo quando teve a prisão decretada. Pediu exoneração do cargo e fugiu. Só foi recapturado uma semana depois, em Foz do Iguaçu, quando se preparava para cruzar fronteira e se homiziar no Paraguai.

Finalmente, a afirmação de Gleisi de que deseja que o ex-assessor tenha punição exemplar, caso seus crimes sejam comprovados pela Justiça, também é vista com descrença. Afinal, quanto mais severa for à punição, maiores são as possibilidades de Gaievski decida negociar com a Justiça.