Pier Petruzziello
A tecnologia sempre foi uma aliada da acessibilidade, pois, desde os tempos idos, a principal motivação para a engenhosidade humana, para a invenção, é a necessidade de superar as limitações de nosso corpo.
Em nossos tempos, temos uma vastíssima gama de recursos tecnológicos, que vão de equipamentos a softwares. Há uma infinidade de recursos voltados a cegos, próteses cada vez mais sofisticadas, programas de acionamento por voz e, mais recentemente, a Inteligência Artificial (AI), da qual vamos ouvir falar cada vez mais.
Hoje já existe até um aplicativo que traduz as linguagens de sinais (gestuais) em diversos idiomas e até um de traduzir da linguagem de sinais para pessoas que não a conhecem, existe um cinema para cegos, um “mouse” que controla o cursor do computador com movimentos da cabeça. Há uma infinidade e cada dia surgem novos recursos.
Os mais simples e que têm um grande resultado social, são os aplicativos que informam roteiros de lugares acessíveis. O Wheelmap é um mapa online, em todo o mundo, para encontrar e marcar lugares acessíveis para cadeiras de rodas. O Biomob traz avaliações de restaurantes, bares, teatros, hotéis, praças, museus, etc, em relação à acessibilidade. Os programas ainda não são completos, mas são construídos a cada dia pelos usuários, que acrescentam informações. São sistemas colaborativos.
Há GPS especialmente desenvolvido para cegos que ajuda a saber onde ele está e a seguir rotas. O usuário passa o dedo sobre o mapa e o aplicativo verbaliza onde ele está e oferece as coordenadas para chegar ao destino. O celular vibra caso seja preciso atravessar um cruzamento e também sinaliza as paradas em ônibus em movimento.
Neste ponto – a colaboração, a participação e o resultado social – é que chegamos á grande questão. Como fazer com que toda essa tecnologia, essas invenções cheguem a todas as pessoas. Aí é que entram o Estado, as instituições e os agentes públicos. A própria tecnologia dá conta de baratear os custos de seus produtos.
Mas é preciso uma política pública, um programa de incentivos à produção de equipamentos, softwares e soluções voltadas à acessibilidade. Um programa de benefícios fiscais, como já existem, para atrair novos investimentos.
No Estado, o Paraná Competitivo oferece dilação de prazos para pagamento dos impostos para novos investimentos e para expansão de empresas já instaladas. Entre outros aspectos, o programa leva em consideração o impacto social na geração de empregos e ambiental. Também valoriza a inovação tecnológica. No impacto social, é preciso incluir os projetos voltados à acessibilidade.
Em Curitiba, já temos o exemplo do Vale do Pinhão, criado pelo prefeito Rafael Greca, que também pode buscar novas soluções com universidades, investidores e startups para área de acessibilidade e de mobilidade urbana para deficientes.
Outra ação, que remete ao papel essencial do Estado, como regulador, é em relação a normas e exigências para fortalecer a acessibilidade como um item compulsório desde a fabricação e a aplicação no dia a dia de produtos e equipamentos voltados ao público em geral.
Por fim, existem as obras, construções públicas ou concedidas pelo poder público que devem incluir as diferentes tecnologias de acessibilidade como um ponto essencial.
A tecnologia é cara e pode ampliar as diferenças e os privilégios. Mas ela pode ser barateada e deve, ser dirigida a aproximar as diversidades.
Pier Petruzziello, 35 anos, é advogado e vereador pelo PTB em Curitiba.
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