Lideranças dos caminhoneiros reforçaram a insatisfação com a nova resolução sobre a política de preços mínimos do frete rodoviário e aguardam uma reunião com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, para discutir o assunto. Mas não descartam a a possibilidade de uma nova greve. O ministério, por sua vez, disse que fará uma ampla reunião com a categoria na próxima semana para tentar encontrar um consenso que evite uma nova greve do transporte rodoviário. As informações são do Estadão.
A resolução publicada na quinta-feira pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) provocou reação imediata da categoria, que voltou a falar em paralisações. A data exata para o encontro do ministro com os caminhoneiros depende ainda da agenda de Freitas. A resolução, que estabelece regras gerais, metodologia e coeficientes dos preços mínimos referentes ao quilômetro rodado, foi aprovada após estudo técnico da Esalq-Log e processo de consulta pública e entra em vigor nesta sexta.
A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) confirmou em nota a reunião com o ministro. “Após a reunião com o ministro, o presidente da CNTA, Diumar Bueno, convocará uma reunião com suas entidades coligadas para repassar os detalhes do encontro com o governo federal e avaliar conjuntamente as medidas a serem tomadas”, informou a confederação.
Mais cedo, a CNTA havia divulgado outra nota dizendo que estava avaliando a resolução da ANTT com o objetivo de averiguar se os valores indicados estão adequados ao custo real da operação de fretes. “A CNTA, em contato com o ministro, solicitou que a ANTT apresentasse os números que fundamentam os parâmetros de cálculo, lembrando que o piso mínimo de fretes tem de dar a adequada retribuição ao caminhoneiro pelo serviço prestado. A CNTA já recebeu reclamações das bases afirmando que os valores estão muito aquém da realidade do mercado.”
Valor mínimo
Os caminhoneiros estão preocupados com a redução nos valores mínimos do frete em relação à tabela que vinha sendo adotada. “Eu acho que parte da categoria está bem revoltada, eu não sei o que vai acontecer nos próximos dias. Já fui convocado para essa reunião (com o ministro), mas a categoria é que vai decidir”, disse Wanderlei Alves, o Dedeco, representante dos caminhoneiros. “As empresas já estão querendo pagar só o custo e dizem que estão pagando dentro da lei, então acho que vai dar muita confusão até sair essa reunião.”
Na avaliação de Dedeco, será preciso uma solução rápida para a questão. “Não queremos causar o caos para o País e para o governo, mas infelizmente eu acredito que o ministro confiou que a Esalq-Log e a ANTT resolveriam o problema, mas não resolveram. Eles criaram um problema maior ainda.”
Ainda assim, Dedeco disse que acredita em diálogo com o ministro. O líder dos caminhoneiros voltou a criticar a Esalq-Log. “É uma instituição ligada ao agronegócio. E o agronegócio é que empacou com a nossa tabela”, afirmou. A Esalq disse nesta sexta-feira, 19, por meio de sua assessoria, que não vai se pronunciar sobre o estudo.
Wallace Costa Landim, conhecido como Chorão, presidente da Cooperativa dos Transportadores Autônomos do Brasil, publicou na quinta-feira à noite um vídeo relatando conversa com o ministro, que, segundo ele, teria prometido adequações à resolução da ANTT. O ministério confirmou a conversa, mas não adiantou nenhuma informação sobre mudanças na resolução. Segundo a assessoria da pasta, “o ministério continua aberto para dialogar com a categoria”.
O líder do Comando Nacional do Transporte, Ivar Luiz Schmidt, acredita que em torno de 20% da categoria tenha o desejo de parar neste momento. Nesta sexta-feira, mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro disse não acreditar em uma paralisação dos caminhoneiros neste momento, e afirmou estar pronto para continuar conversando com a categoria.
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