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SP: 61% DOS NOVOS MÉDICOS NÃO SABEM IDENTIFICAR SINTOMAS DA GRIPE SUÍNA, DIZ CREMESP

Por Karina Lignelli

Apesar de ter sido responsável por lotar hospitais de São Paulo e provocar mortes no estado, 61% dos novos médicos em São Paulo não sabem identificar seus sintomas. A conclusão é do Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), que aplicou exame de avaliação de desempenho entre setembro e outubro em 629 médicos recém-formados. Segundo o Cremesp, mais da metade dos participantes, ou 56%, não passaram para a segunda fase do teste.

De modo geral o exame do Cremesp mostrou que a maioria desconhece diagnósticos ou tratamentos de saúde comuns ou procedimentos básicos de emergência abordados nas 120 questões do teste. A média de erros nas respostas foi de 75%.

O número de reprovações no exame do Cremesp se mantém nesse índice pelo terceiro ano consecutivo. (Leia mais)

SP: 61% dos novos médicos não sabem identificar sintomas da gripe suína, diz Cremesp

SP: 61% dos novos médicos não sabem identificar sintomas da gripe suína, diz Cremesp

Por Karina Lignelli

Apesar de ter sido responsável por lotar hospitais de São Paulo e provocar mortes no estado, 61% dos novos médicos em São Paulo não sabem identificar seus sintomas. A conclusão é do Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), que aplicou exame de avaliação de desempenho entre setembro e outubro em 629 médicos recém-formados. Segundo o Cremesp, mais da metade dos participantes, ou 56%, não passaram para a segunda fase do teste.

De modo geral o exame do Cremesp mostrou que a maioria desconhece diagnósticos ou tratamentos de saúde comuns ou procedimentos básicos de emergência abordados nas 120 questões do teste. A média de erros nas respostas foi de 75%.

O número de reprovações no exame do Cremesp se mantém nesse índice pelo terceiro ano consecutivo.

– De 2005 até agora, quando o exame começou a ser aplicado, essa é a média de reprovados, em uma prova que avalia apenas se eles sabem o têm que saber. Não é uma espécie de competição para tentar a residência médica. Isso dá uma noção clara da deficiência dos formandos – lamentou o cardiologista Bráulio Luna Filho, coordenador do exame.

O exame mostrou deficiência dos formando em áreas consideradas essenciais, como Clínica Médica, por ser a porta de entrada dos pacientes para futuros diagnósticos e tratamentos médicos. Nessa especialidade, o desempenho ficou em 48,5% em 2009, contra 56,7% de 2008. Com acertos menores de 60%, o resultado é considerado insatifatório pelo Cremesp. utras áreas com baixo desempenho foram Saúde Mental, com 51,2%, Clínica Cirúrgica com 53,6%, e Pediatria com 57%. Apenas em áreas como Saúde Pública, Ginecologia e Obstetrícia e Bioética os futuros médicos tiveram desempenho superior a 60%.

Em sua quinta edição, o exame do Cremesp não é obrigatório, e apenas 35% dos formandos em medicina fazem a prova anualmente. Atualmente, São Paulo tem 31 escolas médicas em atividade, sendo que seis ainda não formaram a primeira turma. Por ano, cerca de de 2,6 mil médicos chegam ao mercado de trabalho, e boa parte passa a exercer a medicina sem especialização.

Para 12 mil médicos que se formam no país, há apenas seis mil vagas em residência médica.

De acordo com o presidente do Cremesp, Henrique Carlos Gonçalves, o grande problema se concentra nos alunos saídos de faculdades particulares, que não têm campo de treinamento para residência médica e acabam indo trabalhar direto em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS).

– Esses novos médicos vão atender em locais sem um profissional que o assista ou uma estrutura que complete sua formação – disse.

– Por esse motivo, das 1.400 denúncias de erros médicos que o Cremesp recebia em 1993, o número hoje passa de 4.500 por ano, em geral de jovens médicos, a maioria que se formaram em faculdades particulares – completou Luna Filho.

Hoje, a entidade afirma pressionar Congresso e Ministério da Educação (MEC) para aprovar projeto de lei que determina que o exame para exercício da medicina seja obrigatório, assim como o da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Outro projeto prevê a proibição da abertura indiscriminada de escolas de medicina, "um negócio muito lucrativo", segundo Gonçalves, além da fiscalização constante e fechamento das que não têm estrutura para funcionar.

– O MEC tem tomado providências, chegou a fechar duas universidades, mas tudo acontece de forma tímida. Para a situação melhorar, o ideal seria que as escolas com desempenho satisfatório aumentem as vagas, mantenham unidades básicas de atendimento e melhorem a qualificação de corpo docente – afirmou Cid Carvalhaes, presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo (Simesp).

Segundo Carvalhaes, apesar do exame depender da disposição voluntária do aluno, o exame do Cremesp tem seus méritos por apontar problemas e questionamentos inerentes ao dia a dia da prática da medicina.

– Quando se mede nível de ensino, alunos das instituições tradicionais, públicas, mais antigas, têm índice de de aprovação muito melhor. O que não acontece com os das particulares, sem tradição, com menos de 15 anos de atividade, e nem estrutura básica ou hospital universitário. Por isso, as que sabidamente não têm condições de funcionar teriam que fechar. Não dá para corrigir vícios de formação – destacou.

Outro problema recorrente é a deturpação da formação bioética do aluno, que não assume pacientes e acha que sua responsabilidade acaba com o fim da jornada.

– A maioria desses jovens se direciona para especialidades de maior atração financeira e menor complexidade. Como exemplos disso estão a ociosidade em um terço das vagas em Pediatria para residência ou em programas de saúde da família. Apesar do exame não ser suficiente nem expressar verdades absolutas, o resultado final é preocupante – finaliza.