Um sistema de gestão em desenvolvimento pela Itaipu Binacional, Parque Tecnológico Itaipu (PTI) e Instituto Life irá permitir a organizações públicas e privadas avaliarem ações voltadas ao desenvolvimento territorial. Na última quinta-feira (5), no PTI, os grupos de trabalho envolvidos com o projeto (que além de representantes das instituições parceiras também inclui gestores públicos da região) participaram de um workshop para definir os requisitos da ferramenta, denominada Padrão Internacional de Gestão Territorial Sustentável.
Conforme explica Marlene Costa de Souza Carvalho, da Superintendência de Obras e Desenvolvimento (OD.CD) da Itaipu, a elaboração do Padrão atende a uma demanda da própria empresa, de ter uma medida mais precisa de sua contribuição para o desenvolvimento da região.
“A proposta é poder identificar o quanto, de fato, as ações ambientais e sociais em que a Itaipu investe (como gestão de bacias hidrográficas, gestão de resíduos, agricultura sustentável, entre outras) contribuem para o desenvolvimento territorial”, explicou Marlene, que é responsável pela gestão do convênio com o PTI e o Instituto Life para a elaboração do Padrão.
Segundo a Coordenadora do Sistema de Gestão do Instituto Life, Regiane Salata, o Padrão funcionará como uma espécie de certificação, a exemplo das normas ISO. Em etapas anteriores, os grupos de trabalho definiram os oito princípios que irão nortear o sistema: Conservação da biodiversidade e ecossistemas; Justiça e equidade; Responsabilidade compartilhada; Bem-estar humano; Cultura, patrimônio histórico cultural, povos tradicionais e locais; Educação; Desenvolvimento econômico sustentável e mercado; e Capital natural.
Nesta fase, a partir dos princípios, estão sendo definidos os critérios, já com uma visão de aplicabilidade em campo. Em um total de seis workshops desta fase inicial, ainda serão desenvolvidos os indicadores, que irão permitir avaliar a eficácia das ações e se os investimentos estão sendo realizados de maneira eficiente. Paralelamente, o PTI está desenvolvendo um software específico para o emprego dessa ferramenta.
A partir do início do ano que vem, o projeto entra na fase de aplicação do Padrão na área de influência da Itaipu, em caráter experimental. A ideia é concluir o projeto até meados de 2022. “Por se tratar de um território de grandes dimensões e também por envolver dois países, a experiência da Itaipu é muito interessante para que possamos desenvolver um Padrão de aplicabilidade internacional”, explicou Regiane. “A ideia é que, qualquer empresa ou órgão público, em qualquer território no mundo, possa utilizar a ferramenta para avaliar e direcionar suas ações de desenvolvimento sustentável”, completou.
Para a gerente da Divisão de Reservatório da margem paraguaia da usina (MARR.CE), Ana Carolina Gossen Siani, o projeto é uma excelente oportunidade não apenas para mostrar a experiência da Itaipu na gestão de seu território, mas também para padronizar essa gestão no Brasil e no Paraguai. “Uma particularidade que temos são as questões culturais, sociais e transfronteiriças. E levar isso em conta faz com que seja muito mais rica e ampla a construção desse Padrão”, afirmou.
O secretário de Agricultura de Cascavel, Nei Hamilton Haveroth, que participa de um dos grupos de trabalho do projeto, disse que a expectativa do município é poder utilizar o Padrão para avaliar quais ações devem ser promovidas ou aprimoradas, contribuindo com a gestão municipal. “A sustentabilidade faz parte do sistema produtivo e precisamos pensar o desenvolvimento como um todo. E pensar para além do período dos mandatos, com um planejamento de longo prazo”, sentenciou.
Durante o workshop, o professor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Julian Perez Casarino, deu um exemplo prático de um projeto de desenvolvimento territorial sustentável, distribuindo picolés de frutas nativas. Trata-se de uma inciativa da universidade com produtores familiares que agrega todas as dimensões do desenvolvimento.
“Do ponto de vista cultural, a gente está resgatando sabores de frutas típicas da região, que eram negligenciadas pelos agricultores e consumidores. Do ponto de vista ambiental, ao valorizar produtos das árvores nativas, o agricultor passa a ter outro olhar sobre a floresta. Aquilo que era um empecilho passa a se tornar uma fonte de renda. E, do ponto de vista econômico, a gente agrega valor. Então, conseguimos fechar um ciclo, com uma estratégia de desenvolvimento adaptada às condições locais, que mantém a floresta em pé, e valoriza a cultura alimentar regional”, resumiu Casarino
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