De Fábio Campana, no Estadinho
Ficou evidente o singular entendimento pelo qual se unem contra a candidatura de Nereu Moura a presidente da Assembléia desde os liberais até os petistas, sem esquecer uma parcela do próprio PMDB.
Também não devemos esquecer dos tucanos, especialmente os liderados por Hermas Brandão. Como se vê, a rapaziada do pragmatismo de resultados selou um pacto que hoje envolveria 34 votos.
É ridículo insistir na versão do voto fechado dos 17 deputados do PMDB. A bancada peemedebista rachou. Nelson Justus, do PFL, somou as sobras, fez a prova dos nove, e se a votação fosse hoje ganharia por larga margem.
O primeiro-secretário, na composição vitoriosa de Justus, será Alexandre Curi. O anúncio de sua candidatura provocou irritação estomacal e outros desarranjos neurovegetativos na ala do PMDB que insiste em candidato próprio do partido à presidência.
O único poder maior que poderia mudar os rumos da eleição interna na Assembléia seria o do governador Requião. Mas ele declarou milhares de vezes que não põe a mão nessa cumbuca. Ora, pois, os deputados do PMDB estão por sua própria conta e risco e não há o que possa modificar o voto de cada qual.
Avaliações mais detidas revelam, por detrás das aparências, a resistência da maioria ao comando do grupo do PMDB que Moura representa. Dentro e fora do partido. É essa a questão que mobiliza a maioria em favor de Justus, um pefelista de pública inclinação pela liderança de Requião.
As circunstâncias conspiram contra Nereu Moura e sua troupe. Seria arriscado, no mínimo, atribuir à eleição da Mesa a força de uma definição ideológica precisa. Mas há dados que não oferecem o flanco a dúvida. Na Assembléia, a direita conservadora é quase um cadáver. Está desmobilizada. As esquerdas se fragmentam. Não é sem razão que o ponto de convergência é um pefelista que segue Requião.
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