Em meio a protestos de ativistas e grupos de direitos humanos e bate-boca de parlamentares, o deputado Marco Feliciano (PSC-SP), que é acusado de ser homofóbico e racista, não conseguiu nesta quarta-feira, 5, ter o nome oficializado para comandar a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. A sessão foi transferida para quinta-feira, e, por ordem do presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), a escolha do presidente da comissão ocorrerá a portas fechadas, informa o Estadão.
A expectativa é que o pastor Feliciano, membro da Assembleia de Deus, seja eleito hoje com voto de 12 dos 18 integrantes da comissão.
O presidente da Câmara determinou que integrantes de movimentos sociais não poderão entrar na sala da comissão hoje. Ontem, a sala ficou lotada de manifestantes com nariz de palhaço, mordaças, faixas e balões negros que entre vaias e gritos xingavam o pastor de “racista”, “homofóbico” e “satanás”. Deputados pró-Feliciano e contrários à indicação do pastor também bateram boca durante as quase duas horas de sessão.
Diante da confusão, o presidente da comissão, Domingos Dutra (PT-MA), suspendeu a sessão. “Vou devolver para os líderes e para o presidente da Câmara o abacaxi que criaram. Quem pariu Mateus, que o embale”, disse Dutra. Com a interrupção da sessão, o líder do PSC, André Moura (SE), e Feliciano foram à presidência da Câmara pedir a intervenção de Henrique Alves.
Deputado federal em seu primeiro mandato, o pastor Marco Feliciano voltou a afirmar ontem que não é “nem homofóbico, nem racista”. Ao final da sessão, disse que seus “direitos como ser humano” foram “tolhidos”. Afirmou também que chegou a “apanhar” dos manifestantes e “levar arranhões” em meio à confusão instalada na sala da comissão. “Xingaram a minha família, a minha mãe. Mas meu espírito cristão não me permite revidar”, afirmou o pastor.
Em 2011, o pastor Feliciano escreveu em sua página no Twitter que o amor entre pessoas do mesmo sexo leva “ao ódio, ao crime e à rejeição” e que descendentes de africanos são “amaldiçoados”.
“O fato dele defender determinadas bandeiras não significa que ele vai trabalhar de forma tendenciosa à frente da comissão”, argumentou o líder do PSC, André Moura.
Ex-secretário de Direitos Humanos no governo Lula, o deputado Nilmário Miranda (PT-MG) admitiu o desconforto: “Em 18 anos, nunca vi uma situação dessas. Não tenho condições de votar nele”. “As declarações que ele fez conflitam com o trabalho desta comissão”, observou o petista.
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