Com obras da primeira e segunda etapas do PAC travadas ou atrasadas em até seis anos, a presidente Dilma Rousseff já prepara o PAC 3 para ser executado a partir de 2015. Com previsão de lançamento no próximo mês de abril, em pleno ano eleitoral, o programa terá perfil voltado para obras de caráter social e urbano, com impacto no dia a dia das pessoas e que atendam às demandas das ruas. As informações são d’O Globo.
O PAC 3 vem sendo inspirado pelas manifestações de rua ocorridas a partir de junho do ano passado, quando surgiram pressões populares por melhorias nos serviços públicos, principalmente de transporte. Mobilidade urbana em grandes e médias cidades, portanto, é um dos pontos centrais do programa em elaboração, que deverá ter destaque também para a adaptação de rodovias que façam o contorno de cidades e a pavimentação de vias urbanas para aliviar o trânsito local.
Outro empreendimento certo e de grande impacto popular é a expansão de redes de telecomunicações para oferecer uma banda larga melhor, com a ampliação do PAC Cidades Digitais. Segundo técnicos que trabalham na proposta, a ideia é melhorar tanto a oferta de internet banda larga quanto a velocidade. Eles lembraram que o setor de telecomunicações tem grande apelo junto à camada mais jovem da população, que foi às ruas e está sempre conectada em redes sociais como o Facebook e o Twitter.
Com um PAC mais popular, preparado sob inspiração do marqueteiro João Santana, o governo também poderá retomar a imagem de Dilma Rousseff como “mãe do PAC”, algo que, avalia-se, ajudou a presidente a se eleger em 2010. Em março daquele ano, o lançamento do PAC 2, com R$ 1 trilhão de investimentos previstos até 2014, foi um dos primeiros eventos de lançamento da campanha de Dilma, que chamou o PAC de “herança bendita” do governo Lula.
Também devem entrar na nova etapa do PAC obras de saneamento básico e do programa Minha Casa Minha Vida, que afetam mais diretamente a qualidade de vida das pessoas do que refinarias ou ferrovias, por exemplo.
Obras com até seis anos de atraso
Um integrante do governo explicou que as construtoras brasileiras já estão sobrecarregadas com as grandes obras do PAC que estão sendo executadas e, portanto, seria a vez de escolher obras mais indicadas às médias empreiteiras, como aeroportos regionais, por exemplo.
Além disso, não haveria tanta demanda no país para empreendimentos estruturantes de porte gigantesco como aqueles que se destacavam no PAC 1 e no PAC 2. Por isso, o novo programa terá mais foco em projetos para os quais já há uma infraestrutura prévia no país instalada, como a expansão da rede de banda larga. Dessa forma, não seriam necessários longos processos de licitação ou de licenciamento ambiental para que os projetos saiam do papel. Ainda assim, avanços que acelerem as licenças ambientais também deverão acompanhar o PAC 3.
Embora o balanço do PAC 2, previsto para ser apresentado na próxima quinta-feira, provavelmente indique o cumprimento da meta de investimentos do governo até o fim de 2014, de quase R$ 1 trilhão, boa parte desse volume é puxada por financiamentos habitacionais, enquanto que algumas das principais e mais caras obras estruturantes do programa patinam desde a primeira edição do PAC.
O Arco Rodoviário do Rio, por exemplo, que no PAC 1 tinha previsão de conclusão em 2010, ainda no governo Lula, só deverá ser entregue em 2016, com a construção do trecho de Manilha a Santa Guilhermina. O Trem de Alta Velocidade (TAV), que figura nos balanços do PAC desde o governo Lula, não saiu do papel e agora tem previsão de contratação do projeto básico só para o fim deste ano.
Refinaria com execução de apenas 10%
A obra mais cara do PAC 1, a refinaria Premium 1, no Maranhão, incorporada ao PAC 2, aparecia no último balanço oficial, apresentado em outubro, com execução de apenas 10%, mesmo tendo sido concebida há mais de quatro anos. A previsão de início de operação passou de dezembro deste ano para outubro de 2017, mas a Petrobras recentemente desistiu do projeto original e agora procura parceiros no exterior para achar uma solução que reduza o custo da construção, de R$ 40 bilhões, sem comprometer o volume de produção.
Nos três anos do governo Dilma, segundo dados obtidos junto ao Ministério do Planejamento, responsável pelo PAC, a dotação do programa chegou a R$ 181,42 bilhões, sendo que R$ 152,4 bilhões foram empenhados (promessa de pagamento futuro). E R$ 112,03 bilhões foram efetivamente pagos, 61,75% da dotação original. O valor previsto no Orçamento federal de 2014 para o PAC é de R$ 61,4 bilhões.
Em 2013, foram gastos com o programa R$ 44,71 bilhões, mas a dotação original no Orçamento da União era de R$ 67,02 bilhões. Desses R$ 44,71 bilhões efetivamente pagos, a maior parte foi relativa aos chamados “restos a pagar”, em volume de R$ 25,12 bilhões. Ou seja, despesas de anos anteriores pagas no exercício. Para 2014, as obras do PAC têm uma verba de R$ 61,4 bilhões prevista no orçamento.
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