Candidato de Dilma à liderança do PMDB, Leonardo Piccicani prevaleceu sobre Hugo Motta, o preferido de Eduardo Cunha, por uma diferença de sete votos: 37 a 30. Para alcançar tal placar, Picciani contou com cinco eleitores que reassumiram seus mandatos apenas para votar nele. Sem esse, digamos, anabolizante sua vantagem teria sido de escassos dois votos.
Por Picciani, revisitaram seus mandatos um ministro de Estado, um secretário da prefeitura carioca, um secretário do governo do Rio e dois deputados cujos assentos vinham sendo ocupados por suplentes de outras legendas. Passada a disputa, todos irão embora. E a bancada do PMDB encolherá de 71 membros para 66 cabeças. As informações são de Josias de Souza.
Nesta quinta-feira (18), o presidente do Congresso, Renan Calheiros, sancionará a emenda constitucional que abre 30 dias no calendário para que os parlamentares troquem de partido sem sofrer punições. Estima-se que a infidelidade levará pelo menos meia dúzia de peemedebistas a pularem a cerca rumo a outras agremiações. Entre eles alguns que votaram em Picciani.
Quer dizer: a vantagem numérica do líder que acaba de ser reconduzido terá de ser reavaliada em um mês, podendo virar fumaça. Significa dizer que, para se manter na liderança, Picciani precisará fazer acenos ao grupo que não votou nele.
Por exemplo: se repetir agora a estratégia de indicar para as oito vagas do PMDB na comissão que analisará o impeachment de Dilma apenas peemedebistas da ala governista, Picciani pode fazer surgir um novo abaixo-assinado como aquele que o destistituiu da liderança da bancada no final do ano passado.
Ao marchar de forma resoluta em direção à desagregação, o PMDB está apenas homenageando a sua índole. Ninguém espera qualquer esforço de unidade partidária de um aglomerado 100% atomizado. O grupo avança e recua segundo as suas conveniências e a moral da sobrevivência. Ou a simples moral da selva. Ou a ausência de moral.
O fato de o PMDB apostar em Piccicani não assusta. O governo Dilma está em ruínas. Mas Cunha se encontra em situação muito pior. Assim, o PMDB se equipa para retirar da gestão Dilma tudo o que houver de aproveitável sob os escombros. Assustador mesmo é o nível de submissão do Planalto a um aliado que tem a consistência de uma gelatina sobre o prato.
Ironicamente, Picciani votou em Aécio Neves na eleição de 2014. E o derrotado Hugo Motta pressionou por Dilma.
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