Segunda-feira negra na economia do Brasil e do mundo
Casemiro Linarth
O mercado financeiro esteve em polvorosa nesta segunda-feira (29). A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), que já vinha caindo nas semanas anteriores, só nesta segunda-feira teve uma perda de cerca de 10%, chegando a cair mais de 13%. O dólar comercial, por sua vez, fechou em alta de 6%, a R$ 1,964.
O mercado foi piorando com a decisão da Câmara dos Estados Unidos de rejeitar o pacote de socorro a bancos, de U$ 700 bilhões. Muitos investidores foram pegos de surpresa, pois no domingo (28) parlamentares estadunidenses haviam anunciado que tinham chegado a um acordo.
Problemas no setor financeiro europeu somam-se às preocupações dos investidores com a crise nos Estados Unidos. O efeito dominó que todo mundo temia começou a se propagar, dizem os especialistas.
O Banco Central Europeu injetou nesta segunda-feira 120 bilhões de euros nos mercados, para aliviar as tensões nos mercados monetários. Desde que o sistema bancário dos Estados Unidos despencou, os bancos da Europa quase não emprestam mais dinheiro, e a penúria de crédito é uma ameaça, segundo o jornal francês Le Monde.
O ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o economista Carlos Lessa, identifica riscos imediatos para a economia brasileira com o agravamento da crise nos Estados Unidos. “O dólar acabou. Mas o problema é o seguinte: os Estados Unidos não vão deixar que o dólar acabe… O que os americanos vão tentar fazer é distribuir essa conta pelo mundo inteiro”, disse o economista.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, chegou a afirmar que os bancos brasileiros não tinham problema de liquidez. Adiante, um recuo. O BC anunciou anteontem a elevação da liquidez para bancos pequenos. Injeção de R$ 13,2 bilhões no mercado. Crítico da política monetária, Lessa elabora perguntas inquietantes: “Não quero falar nada, mas quanto o Bradesco já perdeu? Quanto o Itaú já perdeu? Ninguém sabe. Eles não vão falar. Mas os bancos estão encadeados uns aos outros.”
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