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Scalco também diz não a Fruet

Ontem, conversando com Scalco, ele me dizia que, pela primeira vez, nos últimos 50 anos, deixa de atuar numa campanha eleitoral. Fala sem mágoas. O certo é que o antigo tucano, apontado e reconhecido como uma das poucas reservas morais (desculpem o clichê, mas é isso mesmo) do Paraná, está longe da política partidária. O que não quer dizer que não tenha candidato a prefeito em Curitiba. Masdesta vez, não estará envolvido naquilo que sabe fazer melhor do que ninguém: a coordenação de campanhas.

trecho da coluna de Aroldo Murá – leia a seguir a sua íntegra.

Se era surpresa, a partir de agora não será mais: no dia 16 de setembro – um domingo – amigos de Euclides Scalco estarão homenageando o ex-ministro, político de ‘quatro costados”, que estará completando 80 anos. Ele tem dito que não fará nenhum festa, “a que contou” foi a dos 80 anos de Terezinha (a mulher) no ano passado. E a comemorou à grande: levou 23 membros da família imediata, filhos, netos, bisnetos genros e noras, para passarem uma semana juntos num resort da Bahia. “Não faltou ninguém, incluindo os bisnetos”, diz dona Terezinha Scalco.

Mas o que sei é que o grupo de amigos que com Scalco se reúne às sextas-feiras para almoço já decidiu comandar um grande jantar de adesão. Talvez sejaem Santa Felicidade, num dos tradicionais restaurantes da comida colonial (de inspiração italiana, a típica alimentação dos imigrantes no Brasil do final do século 19 e parte do século 20.)

O grupo é constituído por amigos como Osires Stenghel Guimarães, José Ribas, Heinz Herwig, alguns amigos que com ele trabalharam na Itaipu, Deni Schwartz, amigos do DER, jornalistas…

Ontem, conversando com Scalco, com quem partilho a direção de ações do Instituto Ciência e Fé (ao lado de amigos como Cícero Urban, Eleidi Freire-Maia, Antonio Carlos Coelho, Belmiro Castor), ele me dizia que, pela primeira vez, nos últimos 50 anos, deixa de atuar numa campanha eleitoral. Fala sem mágoas. O certo é que o antigo tucano, apontado e reconhecido como uma das poucas reservas morais (desculpem o clichê, mas é isso mesmo) do Paraná, está longe da política partidária. O que não quer dizer que não tenha candidato a prefeitoem Curitiba. Masdesta vez, não estará envolvido naquilo que sabe fazer melhor do que ninguém: a coordenação de campanhas.

Só para recordar: Scalco coordenou as duas campanhas de Fernando Henrique Cardoso à Presidência e duas de Beto Richa , à prefeitura, entre tantas outras.

A seguir, um trecho inicial do perfil que fiz do ex-ministro Euclides Scalco, publicado no meu livro “Vozes do Paraná2”, de 2008):

Um sorriso naquele faciens carrancudo é quase um prêmio para o interlocutor que, diante do rápido esboço facial do personagem, poderá se achar contemplado por “especial graça”.

Mas ele nasceu assim, só parece ter aperfeiçoado, ao longo dos anos, essa capacidade de manter distância — muito própria de um analista — daqueles com quem dialoga.

E aperfeiçoou também, garantem velhos amigos, a imersão quase total na escuta do outro. É a materialização do adágio “calar é ouro, falar é prata”.

Procuram-se testemunhas de expansões afetivas que denunciem fortes emoções deste personagem ímpar da política. Devem existir.

Velhos amigos, que vão encontrá-lo nas comemorações dos 50 anos de formatura da turma de farmácia e bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) (ocorrida em 2006), poderão até arriscar palpites. Alguns dirão que esse ítalo-gaúcho nascido em 16 de setembro de 1932,em Nova Prata, criado em Guaporé, forjado homem público a partir de 1959, no Sudoeste do Paraná, é fruto de uma espartana disciplina, a da sólida Escola dos Maristas do Colégio Nossa Senhora do Rosário, de Porto Alegre, anos 40 e 50. Será então resultado da ação de sábios educadores, como o irmão Arnulfo? Ou do filósofo irmão Ottão, depois histórico reitor da PUCRS? Ou do disciplinador irmão Eduardo, francês, professor da língua de Molière e de Matemática, e cuja impressionante presença decretando silêncio na sala de aula tornava altissonante a mera passagem de uma mosca? Ou, quem sabe ainda, teria Euclides Scalco sido marcado pelo espírito contemporizador, democrático, jamais opressivo, encarnado pelo irmão Ivo?”

E MAIS ADIANTE, EM OUTRO TRECHO:

A primeira eleição – A primeira eleição, jamais o político esquece. A de Scalco foi lá na serra gaúcha, a dos italianos, na Guaporé da qual o pai – hoteleiro – seria um dia prefeito. Elias, o pai, que seria o sobrenatural padrão a guiar seus passos, vida adentro. A escolha foi aos dez anos de idade, e ligada ao sagrado: presidente da Cruzada Eucarística da cidade. Uma honra. Responsabilidade com o peso do eterno, entregue ao infantil zelador de almas mirins. ( do livro “vozes do Paraná” 2).