Ademar Traiano
Lula iniciou sua nova caravana pelo Sul colhendo frutos amargos. Já na primeira cidade, Bagé, foi recepcionado por 700 militantes do PT e um número quase três vezes maior de ativistas anti-PT. Teve de sair às pressas, acusando “os fascistas”, forma como os petistas se referem a todos os que não pensam como eles.
O desastre continuou nas outras cidades gaúchas do roteiro. Em Santa Maria, depois de novos enfrentamentos em que os petistas levaram a pior, o alto comando do PT se reuniu para reavaliar a agenda e solicitar medidas adicionais para proteger Lula. Críticos contumazes do governo Temer, foram atrás do ministro da Segurança, Raul Jungmann, para pedir proteção contra supostas ameaças ao ex-presidente.
A ‘presidenta’ do PT, Gleisi Hoffmann, conhecida pela truculência do discurso (“para prender Lula vão ter de matar gente”), deu agora para se queixar da contundência dos opositores do PT. “A caravana pacífica e democrática do ex-presidente Lula está sendo ameaçada e agredida por milícias profissionais formadas pela direita e extrema-direita aqui no Rio Grande do Sul”.
Na intimidade a preocupação de Gleisi e do PT é de outra natureza e ainda maior. A senadora está alarmada com a falta de apoio popular a Lula nas ruas. Mandou mensagem urgente cobrando maior engajamento por parte dos militantes gaúchos do PT. Segundo o jornal O Globo, Gleisi disse: “Estamos perdendo na narrativa e na ocupação de espaço”. O PT está desmoronando. Pela iminência da prisão de Lula e pela perda de apoio popular.
O cinismo sem limite a transformação de crimes em virtudes. O desprezo pela realidade, tudo parece, enfim, estar cobrando o seu preço. Lula percorre o país como um velho ilusionista, que repete os mesmos truques pela enésima vez e fica estarrecido com o fato de que eles não surpreendam nem encantem mais uma plateia já cansada de tantas mágicas bestas.
O Sul nunca foi muito receptivo ao petismo e as duas condenações de Lula, por Sergio Moro e pelo TRF4, mais as esmagadoras provas de corrupção contra o PT e o ex-presidente, que transbordaram da Lava Jato, parecem ter quebrado de vez o feitiço.
O que aconteceu no Rio Grande do Sul não foi surpresa para o PT. Mesmo as caravanas por redutos eleitorais de Lula, como o Nordeste, ficaram longe do sucesso esperado. Pouca gente, escasso entusiasmo. No Sul as expectativas eram as piores possíveis. Caciques petistas, conscientes do grau de aversão ao partido na região, chegaram a questionar Lula sobre a conveniência dessa caravana. Mas Lula insistiu em ir. O ex-presidente, que costuma se comparar, favoravelmente, a Nelson Mandela, Tiradentes, Martin Luther King e até a Cristo, não deu a mínima para os alertas.
Achou divertido fazer uma caravana por uma região onde, dados os melhores indicadores econômicos e culturais, a imagem do PT, com seu populismo esquerdista e sua violência nunca foi muito boa. Peregrinar pelo Sul, projetando terminar a marcha em Curitiba, uma provocação a terra da Lava Jato e Sérgio Moro, pareceu a Lula uma ideia brilhante. O resultado é pior do que contava em seus piores pesadelos.
O que aconteceu em Bagé, Santa Maria e outras cidades gaúchas (em São Borja, Lula teve de correr para se refugiar em um acampamento do MST), é o resultado do que os petistas plantaram, com tanto engenho e arte, ao longo de toda a sua trajetória.
Foi o PT que ensinou o Brasil a fazer política com ódio e intolerância. Nos locais públicos onde Lula se apresenta tem acontecido confrontos e os petistas, agora em menor número, tem levado a pior. A safra plantada pelo partido durante décadas está produzindo uma colheita envenenada pelo ódio que o PT semeou.
Ademar Traiano é deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa e vice-presidente do PSDB do Paraná
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