Rossoni: o deputado que não sabe o que quer
O deputado tucano Valdir Rossoni, que lidera a oposição na Assembléia, é um político que tem dificuldade de explicar o que quer. É conhecido como o deputado dos dois discursos.
Essa dupla personalidade ficou bem clara no caso do Porto de Paranaguá. Rossoni vive dizendo estar muito preocupado com a dragagem e por várias vezes chegou a prever que uma catástrofe estava prestes a ocorrer no Porto pela falta dela.
Ao mesmo tempo em que se dizia assustado com a falta de dragagem, Rossoni patrocinou uma ação popular justamente para impedir a licitação para escolher uma empresa para dragar o Porto de Paranaguá. Na Ação Popular número 2008.70.08.000239-1, Rossoni pediu a suspensão da contratação de empresa para realizar a dragagem nos portos de Paranaguá e Antonina, questionando documentos do Ibama, do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e até mesmo da Marinha do Brasil. O pedido foi indeferido pela juíza federal Giovanna Mayer.
Os deputados ficam perplexos com as mudanças de posição do líder da oposição, como essa a respeito da dragagem do Porto. Mas observam que não é a única. Os parlamentares perceberam que Rossoni é especialista em fazer pedidos de informação ao governo. Quando recebe a resposta nunca se dá por satisfeito. Sempre alega que são incompletas e não respondem a todos os seus questionamentos. A partir daí, entra na Justiça para cobrar a resposta ainda mais completa.
Os juízes, que não tem noção do estranho comportamento de Rossoni, muitas vezes dão ganho de causa para o deputado e condenam o governo a prestar todas as informações solicitadas.
O último caso do gênero aconteceu com a cobrança do deputado de informações sobre o uso de cartões corporativos do governo do Estado. A solicitação de informações foi respondida pelo governo em tempo hábil e com a maior objetividade. Rossoni não se deu por achado e entrou na Justiça com o costumeiro jogo de cena. O governo estaria escondendo o jogo. Ele queria informações completas. A Justiça ordenou que o governo fornecesse as informações requeridas.
Ora, informações completas sobre cartões corporativos de todo o governo, representam um volume de dados enorme, descomunal, assustador. Mas decisão judicial não se discute, cumpre-se. O governo reuniu todo o material sobre o assunto e o encaminhou a Assembléia. São 200 mil folhas de papel contendo todas as informações sobre os cartões corporativos.
Alguém imagina que, então, Rossoni se deu por satisfeito? Nada disso. O comportamento do tucano é padrão. Quando recebe todas as informações que solicita, nos mínimos detalhes, geralmente passa a reclamar que estão mandando para ele “informações excessivas”.
Não foi diferente no caso dos cartões corporativos. Primeiro reclamou da demora para que os dados (que lotaram um caminhão) chegassem ao seu gabinete.
“Bastava atravessar a rua, mas o governo se perdeu no meio do caminho. Até que enfim conseguiram encontrar o endereço da Assembléia”, tentou ironizar Rossoni.
Depois o deputado passou a reclamar que as informações tivessem chegado até ele em papel. “Se tivessem vindo por meio eletrônico facilitaria o processamento das informações. Essa atitude deixa claro que o governo está no século passado”, resmungou.
Na seqüência passou a suspeitar que, ainda, não tivesse vindo tudo o que havia sido solicitado. “Tenho que ver primeiro como esses documentos foram enviados para decidir como proceder na conferência do conteúdo. Só espero que não seja um calhamaço com informações não solicitadas e sem critério de ordenamento, como fez a Sanepar recentemente no caso das desapropriações de terrenos em Piraquara”.
Assim como no caso da dragagem, que ele jura desejar, mas que sabota com ações judiciais, Rossoni é um caso complicado de deputado que parece não saber o que quer. Posa de bom moço, mas faz qualquer coisa para sabotar o governo. Não está bem informado, porém, quando o assunto é o Porto. Habitual crítico das operações portuárias paranaenses, Rossoni foi atropelado pelos últimos resultados das exportações de soja que, somente nos primeiros quatro meses do ano, cresceram 18,52% em relação ao mesmo período do ano passado. Até a primeira quinzena de maio, 2.313.461 toneladas do produto foram exportadas, contra 1.951.877 em igual período de 2006. E toda essa soja saiu do país por meio do Porto de Paranaguá. O tempo se encarrega, portanto, de desmentir o deputado Rossoni.
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