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Rossoni diz que até Beto Richa adotou prática pela qual pode ser cassado pelo TRE

Por Kátia Brembatti e Heliberton Cesca, na Gazeta do Povo:

Para se defender da acusação de ter cometido irregularidades na prestação de contas de sua campanha eleitoral em 2010, o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Valdir Rossoni (PSDB), declarou ontem que muitos políticos que não tiveram o mandato contestado pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) também teriam adotado a mesma prática pela qual ele é acusado.

Rossoni disse que vários políticos usaram um único cheque para pagar várias despesas ao mesmo tempo – o que, segundo o MPE, dificulta a fiscalização de ilegalidades nas contas de campanha. “Então [se eu for cassado] tem que cassar a Dilma [Rousseff], o [José] Serra, o Beto [Richa]”, declarou, na tribuna da Assembleia.

De acordo com ele, as campanhas da presidente e do tucano para a Presi­­dência da República e de Beto Richa para o governo do Paraná, também utilizaram o recurso do chamado “cheque guarda-chuva”, que vale para várias despesas.

Rossoni, que está sendo julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) por uso de cheques guarda-chuva, reclamou que estaria recebendo “tratamento diferenciado” pelo MPE.

Segundo o tucano, outros políticos que usaram a mesma estratégia na gestão financeira da campanha não são alvos de investigação. “Não vou aqui citar outros deputados”, disse, enfatizando que colegas da Assembleia também teriam usado o recurso contábil.

Rossoni afirma que teve a prestação de contas aprovada pelo TRE e que todas as despesas de campanha têm nota fiscal correspondente. E reiterou que não fez caixa 2.

O TRE-PR adiou para a próxima semana o julgamento do pedido de cassação do mandato de Rossoni. O caso começou a ser analisado na segunda-feira, mas um pedido de vista ao processo interrompeu a votação. Dois dos sete integrantes do tribunal já votaram e o julgamento está empatado em 1 a 1. O Ministério Público Eleitoral acusa o parlamentar de não ter comprovado gastos de R$ 74 mil na campanha de 2010.

O deputado estadual Rasca Rodrigues (PV) reconheceu que também usou o cheque guarda-chuva para o pagamento de despesas agrupadas. Ele citou que teria feito isso na cobrança de pedágio. Segundo Rasca, só é possível pagar pedágio em dinheiro e seria totalmente inviável pagar cada tarifa com um cheque isolado.

O deputado afirma que recebeu verbalmente a orientação do próprio TRE-PR para pagar as despesas agrupadas. “Primeiro fixaram que o valor poderia ser de até R$ 1 mil. Depois, diante das dificuldades, disseram que aceitariam cheques de até R$ 5 mil. Mas voltaram atrás e limitaram novamente em R$ 1 mil”, contou.

Richa
Sobre o uso de cheque guarda-chuva na campanha eleitoral de Beto Richa, o coordenador financeiro do comitê da campanha de 2010, Fernando Ghignone, atual presidente da Sanepar, se limitou apenas a dizer que “tudo foi feito de acordo com a lei”.

“As contas [do Beto Richa] foram apresentadas ao TRE antes dos demais candidatos e foram aprovadas sem restrições”, declarou.