Folha de S. Paulo
O governo interino de Michel Temer (PMDB) trabalha com um deficit primário (receitas menos despesas, fora gastos com juros) superior a R$ 120 bilhões deixado pela presidente afastada Dilma Rousseff nas contas públicas.
O valor é bem acima dos R$ 96,7 bilhões admitidos pela equipe da petista, e vai balizar a discussão da revisão da meta fiscal.
O ministro Romero Jucá (Planejamento) deve acertar nesta semana com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a votação do projeto que revê o número. Se não ocorrer até o próximo domingo (22), o governo terá de fazer um novo bloqueio no Orçamento, ameaçando paralisar a gestão.
Outros dois temas econômicos dominam o início da primeira semana do novo governo: reformas e definição da equipe liderada por Henrique Meirelles (Fazenda).
Primeiro, o presidente interino precisa resolver o outro impasse de sua gestão, a realização das reformas Trabalhista e da Previdência. Para isso, convidou as maiores centrais sindicais do país para um encontro no Palácio do Planalto nesta segunda (16).
PREVIDÊNCIA
As entidades reagiram de forma negativa diante das declarações dos ministros Meirelles e Eliseu Padilha (Casa Civil) sobre a possibilidade de o governo adotar idade mínima para a aposentadoria ou aumentar o tempo de contribuição previdenciária.
O deputado Paulinho da Força (SD-SP), líder da Força Sindical e um dos principais articuladores do impeachment de Dilma na Câmara, afirmou na sexta-feira (13) que as ideias de Meirelles para a Previdência eram “estapafúrdias”.
“É inaceitável porque prejudica quem ingressa mais cedo no mercado de trabalho, ou seja, a maioria dos trabalhadores”, diz nota da Força assinada pelo deputado.
Do encontro, marcado para as 15h, devem participar –além de Temer, Meirelles, Padilha e do ministro Ronaldo Nogueira (Trabalho)– representantes da Força, da UGT (União Geral dos Trabalhadores), da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e da Nova Central.
A CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), ligadas ao PT e ao PC do B, respectivamente, não confirmaram presença.
Segundo auxiliares, diante da reação negativa às primeiras declarações de seu governo sobre o tema, Temer se apressou para tentar fechar um acordo com as entidades antes de levar uma proposta ao Congresso Nacional.
Antes de se reunir com as centrais, o presidente interino deve ter um encontro com Meirelles para combinar o discurso da reunião e fechar os nomes da equipe econômica. Para o Banco Central, o mais cotado é o ex-diretor do órgão Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú.
Outra possibilidade seria a permanência do atual presidente, Alexandre Tombini.
Meirelles havia dito que anunciaria a equipe nesta segunda, mas o evento só vai ocorrer na terça-feira (17).
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