Ricardo Noblat
Candidato a presidente da Câmara dos Deputados, o líder do PTB Jovair Arantes (GO) ou é bobo ou se faz de bobo. Não se descarte a hipótese de que possa ser as duas coisas.
Às vésperas de oficializar sua candidatura, Arantes disse ontem:
— O presidente Temer me garantiu que o Planalto não tem nenhuma preferência e que vai determinar que ministros não interfiram na eleição.
E disse mais:
– Entendo um ministro do partido se posicionar, e até ajudar. Mas fora disso, fica previsivelmente tendencioso. Não vai dar certo. Joga o candidato no colo do governo.
Somente Arantes não vê, ou finge não ver, que Temer tem um candidato, sim, à presidência da Câmara – Rodrigo Maia (DEM-RJ), seu atual presidente, que sucedeu a Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
E que ministros da maioria dos partidos que sustentam o governo trabalham, sim, para reeleger Maia. E não só ministros.
O ex-deputado Roberto Jefferson, presidente do partido de Arantes, apoia Maia, embora não diga isso publicamente.
O ministro Gilberto Kassab, presidente do PSD, deveria apoiar a candidatura a presidente da Câmara de Rogério Rosso (DF), líder do seu partido ali. Mas, não, apoia a reeleição de Maia.
Arantes imagina contar com uma centena ou uma centena e meia de votos dos seus colegas que ainda devem fidelidade a Cunha, seu patrocinador.
Mas Cunha está preso em Curitiba. E a fidelidade a ele é quase nenhuma.
Os partidos de oposição ao governo parecem dispostos a concorrer à presidência da Câmara com um candidato próprio, sem a mínima chance de vencer.
Em um possível segundo turno, porém, PT, PC do B e companhia votarão em Maia. Se é que parte deles já não votará logo de saída.
Maia caminha para se reeleger presidente no primeiro turno. Se o fizer, repetirá o feito de Cunha que há dois anos ganhou direto no primeiro turno.
Espera decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) um recurso contra a reeleição de Maia. O recurso só deverá ser apreciado – e se for – depois da eleição da Câmara marcada para o próximo dia 1º.
Dá para pensar que o STF poderá anular uma eventual reeleição de Maia? Menos de um ano depois de ter suspendido o mandato de Cunha como presidente da Câmara?
(foto: Aílton de Freitas/Agência O Globo)
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