Acidez, materialidade, doçura, exagero, contenção. É o que o leitor irá encontrar nas páginas da Revista Escrita, edição número seis, em circulação. Ou, ainda, apenas uma forma de ver e sentir a vida, servida por algum de seus autores, como um singelo pedaço da areia marcado pela passagem do homem, que, antes de desaparecer entre as águas, teima em oferecer a última contemplação ao olhar fino e desinteressado do observador.
Esta capacidade de prolongar um pouco mais a beleza e a simplicidade da vida, talvez seja o principal motivo de ser da Escrita, que atinge a sexta edição reunindo colaboradores de diferentes visões e interesses. Uns, retiram da gaveta o escrito ou a imagem elaborados durante um momento marcante; outros, fazem do olhar e das letras o próprio ofício. Em comum, todos têm algo a dizer, a manifestar, a celebrar, como quem pretende conjurar a vida através da arte.
Nesta edição, o eleitor poderá compartilhar sensibilidade desde a capa, que traz a marca de uma pegada na areia, capturada pela lente atenta de Áurea Cunha. O tempo presente é matéria da crônica de Célia Musilli, ao lado da fotografia de Paola De Orte. Três mulheres, três jornalistas, três cidades que as abrigam, três impressões sobre o mundo pela visão feminina. Viram-se as páginas: Toninho Vilasboas, desde Veneza, Itália, Robson Mattjie e Silvio Campana, de Foz do Iguaçu e Brenda Marques, desde Belo Horizonte, dão cores às crônicas e asas ao vôo sob o universo imaginário criado por cada um deles.
A poesia é muito bem representada por Almandrade, de Salvador, Bruna Dornelles, de Florianópolis, Mapê Carneiro, Fernanda Spinola e Carlos Luz, de Foz do Iguaçu, e Bell Oliveira, do altiplano boliviano. Agora pense num poema formado pelo som de muitas palavras e vários idiomas, todos inspirados pela música cantada pelas águas e rochas das Cataratas do Iguaçu. É o que oferece o jornalista Jackson Lima, que criou um poema acústico-visual a partir de 33 formas de expressar “Cataratas do Iguaçu”.
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