Ademar Traiano
Fiquei estarrecido ao ler, neste final de semana, uma pesquisa do instituto Datafolha publicada na Folha de S. Paulo. Ela revela que, se pudessem, 62% dos jovens brasileiros entre 16 e 24 anos, ou 19 milhões, sairiam do Brasil. Pior ainda, 43% dos adultos, ou 70 milhões, também tomariam o rumo do aeroporto.
Isso significa que um terço do nosso povo só não sai do país devido as dificuldades de imigração. Uma massa gigantesca de brasileiros, que equivale a população inteira de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, teve a esperança sequestrada e está pronta a desistir do Brasil.
Desalento com a crise, com a segurança pública deficiente, com as denúncias sem fim, com o desemprego, com a redução da renda e a ausência de perspectivas, estão por trás desses números alarmantes.
O elemento mais forte desse imenso baixo astral é, sem dúvida, de fundo econômico. O Brasil convive com uma enorme crise provocada pelos desmandos do PT que o atual governo ainda não foi capaz de debelar.
Reverter esse quadro de desalento nacional deveria ser uma prioridade de qualquer candidato a presidente e essa situação deveria frequentar as preocupações de todos os políticos. A proximidade do período eleitoral, no entanto, em lugar de amenizar pode agravar uma situação já por si só muito difícil. A legislação eleitoral é muito restritiva e tende a engessar a ainda mais uma economia que ainda se ressente da forte recessão legada por Dilma Rousseff.
No Paraná encontramos um caminho para amenizar esse problema. Projeto de minha autoria, aprovado pela Assembleia e transformado em lei pela sanção da governadora Cida Borghetti, desburocratiza e flexibiliza regras relativas aos convênios celebrados entre prefeituras e o governo do estado.
O projeto estabelece que todos os convênios que foram assinados e poderão receber 20% dos recursos antecipadamente, desde que os municípios façam as contrapartidas, estabelecidas e cumpram as exigências determinadas pela Lei. Com a nova lei os municípios poderão licitar e executar as obras conveniadas que estavam congeladas pela legislação eleitoral.
Só no Paraná, devido a essa lei, vão ser destravados mais de mil convênios no valor de R$ 500 milhões. São recursos que vão executar obras, melhorar as cidades, gerar emprego e renda.
É um caminho que deveria ser avaliado com atenção e, tomando as precauções devidas e necessárias, ampliado para outros estados e instâncias do país.
O setor público no Brasil é um dos principais indutores da economia. No entanto, sua capacidade de executar obras, mobilizar recursos e gerar empregos, é regularmente engessada, a cada dois anos, pelas restrições impostas pela legislação eleitoral.
Destravar os gargalos que produzem interrupções em obras, na geração de emprego e renda, é um dos caminhos que vislumbro para amenizar a gravidade da crise que vivemos e, quem sabe, das crises que virão.
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