Por Fábio Campana, no Estadinho
Requião desembarcou ontem, em Brasília, embalado pelos acenos das esquerdas que cogitam seu nome para a sucessão de Lula.
Foi cuidar de sua candidatura à presidência da República, que passa, necessariamente, pela eleição da próxima executiva do PMDB.
A idéia é essa: levar o PMDB a participar do governo Lula e prepará-lo para lançar candidato próprio em 2010. Fiel às suas origens, de partido social-democrata e adversário dos neoliberais, diz.
Requião, desde já, é pré-candidato. E tem apoios consistentes, como o de José Sarney. O importante é eleger uma direção nacional, especialmente um presidente, identificado com o projeto de poder assoalhado pelo pessoal de bombordo.
Esse alinhamento impediria o PMDB de albergar setores desgarrados das forças derrotadas. Por exemplo, Aécio Neves, governador de Minas, que pretende ser presidente e não tem espaço em seu próprio partido, o PSDB, onde a hegemonia é dos paulistas. Aécio tem José Serra e Geraldo Alckmin à sua frente na fila dos presidenciáveis tucanos.
O PMDB deve deixar de ser o partido ônibus, onde cabem todos. A análise de Requião é a de que o resultado das urnas deu asas a um fenômeno político novo, que promete sobreviver aos percalços e à fúria dos adversários inconformados: a união das esquerdas para intervir no processo eleitoral deve consolidar-se e ganhar musculatura como movimento orgânico, capaz de mexer as estruturas.
As aparências às vezes enganam, mas pode estar aí o começo de um grande movimento de massas, menos primitivo, é de se esperar, do que alguns de seus filiados. A Unidade Popular, como a rapaziada da esquerda chama essa junção de forças, estaria pronta para testar sua capacidade nas eleições municipais de 2008. Os esperançosos dizem que o movimento será menos messiânico, menos apocalíptico, menos oitocentesco – e mais adequado à contemporaneidade do mundo. Menos rude em suas idéias e em sua ação do que a sociedade é obrigada a experimentar, frequentemente à sua revelia.
Deixe um comentário