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Requião perdeu. Serraglio ganhou. E agora, é o fim do mundo?

do Esmael Morais

É o fim do mundo? Não. A vitória do deputado federal Osmar Serraglio, que foi eleito presidente do PMDB do Paraná, não representa a morte política do senador Roberto Requião como muitos imaginam. Embora lado a lado cantassem esmagadora vitória sobre o adversário, o resultado das urnas mostrou certo equilíbrio de força no partido. De um universo de 501 convencionais, o vencedor obteve 289, ou 56,7% dos votos. O perdedor amealhou os 43,3% restantes.

A executiva ficou basicamente sob a guarda dos deputados. No entanto, a composição do diretório terá o placar de 38 a 28.

A convenção do PMDB do Paraná teve a forte influência de um agente externo, o governador Beto Richa PSDB. Numa análise apressada, o tucano foi o grande vencedor da disputa peemedebista. A priori, Requião está fora da sucessão daqui a dois anos. Mas alto lá!

Os deputados vencedores já articulam uma reaproximação com Requião. Devem dar um tempo para que a “fera ferida” se recupere do tombo e, nos próximos dias, começam um movimento para resgatá-lo novamente. Os parlamentares peemedebistas sabem que precisam do senador para se valorizar ao máximo junto a Richa e à ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT). Afinal de contas eles precisam de coligação favorável para se reeleger. Eles vão prometer a Requião candidatura ao governo do Paraná e este se animará outra vez. É o jogo, que de agora em diante vamos assistir até 2014.

O próprio presidente eleito, Osmar Serraglio, saiu com o discurso da pacificação interna. Ele garante que não haverá restrições a Requião. Serraglio defende a histórica candidatura do senador, assim como a de outros companheiros do partido, citando o ex-governador Orlando Pessuti.

Se os deputados estaduais preferem uma aliança com Richa, o mesmo não se pode dizer de outros atores que ajudaram derrotar Requião. É o caso do próprio Pessuti e do chefe de Relações Institucionais da Vice-Presidência da República, Rocha Loures, e de Serraglio. Eles têm boas relações com os petistas. Portanto, Gleisi e o marido dela, Paulo Bernardo, silenciosamente, também comemoram o resultado da convenção do PMDB. A presença do “velho guerreiro” no páreo poderia deixar tanto Richa quanto Gleisi fora de um eventual segundo turno, a exemplo do que ocorreu em Curitiba com o prefeito Luciano Ducci (PSB).

Por outro lado, Serraglio, que já tinha trânsito fácil no governo federal, agora tende a aumentá-lo, para o desespero de seu arquiadversário regional Zeca Dirceu (PT). O novo presidente do PMDB, depois da vitória de hoje, inclusive, já é lembrado para a vice de Gleisi, numa chapa com Osmar Dias (PDT) para o Senado. É claro que tudo isso não passa de especulações, mas é novo um cenário que começou a ser desenhado há poucas horas.