O senador Roberto Requião (PMDB) foi decisivo na sessão da última terça-feira, na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado ao votar com o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) no projeto de unificação do ICMS sobre produtos importados.
Alguns senadores da base aliada e da oposição estavam se movimentando no sentido de adiar a votação, alegando que queriam aprofundar as discussões sobre o assunto.
O placar estava empatado em 12 a 12 na comissão, quando apareceu Requião todo faceiro e votou contra o adiamento. O projeto foi para votação e foi aprovado de goleada por 20 a 5.Requião alegou que estava a favor do projeto porque se opunha a incentivos à importação, principalmente nesta fase da economia nacional em que se registra queda da produção industrial e aumento de desemprego no setor. Poderia ser uma surpresa, mas ninguém se surpreendeu.
Se hoje ele votou com o governo, há algum tempo, ele votou contra o governo na recondução de Bernardo Figueiredo à direção-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), recondução desejada pelo governo Dilma.
Votou neste e naquela com a mesma placidez. E no caso de Figueiredo, ele chegou a ser considerado um dos responsáveis pelo veto do Congresso ao homem de Dilma na ANTT.
Embora nem sempre seja fácil entender as razões dos atos e gestos de Requião, pelo menos duas questões parecem evidentes no voto desta terça-feira. Primeiro, Requião sempre se alinhou a tudo que tenha viés nacionalista, ou seja, do ponto de vista ideológico, se é possível usar esta expressão no presente caso, ele foi coerente.
E, depois, uma das características de Requião foi a de se apresentar como independente. Não quer ser rotulado de “oposição” quando vota com a banda oposicionista, e tampouco ser rotulado de “governista”, quando vota com o governo.
Agindo assim, ele corre o risco de ser rifado pelos dois lados – é o que acontece, mas ele não liga nenhum pouco. Afinal, foi agindo assim, que ele sobreviveu até agora. Possivelmente, também não será chamado a compor a CPI do Cachoeira, já que a direção nacional não tem controle sobre suas posições.
Mas Requião não tem do que reclamar: foi governador do Paraná três vezes e senador duas vezes. Nem Ney Braga, que foi chamado de vice-rei do Paraná, conseguiu tanto. Então Requião não muda. E faz da imprevisibilidade a sua previsibilidade.
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