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Requião lava as mãos

Requião desembarca hoje e passa, naturalmente, a centralizar o debate político interno no PMDB. Queira ou não, terá que ouvir um coro de queixas, lamúrias e reivindicações da rapaziada.

Há três pendengas que correm paralelas nos arraiais do governo. A mais importante, sem dúvida, é a da composição do futuro secretariado. Mas esta se decidirá a prazo médio, sem pressa, ao ritmo de valsa.

A outra já está praticamente definida. A direção do PMDB ficará com Renato Adur, que abriu mão das condições prévias. Vai de corpo e alma e esquece os desafetos cultivados no primeiro governo, quando era secretário de Desenvolvimento Urbano.

A terceira é que acabou se transformando em sangria desatada. A disputa da presidência da Assembléia dividiu o PMDB e os demais aliados de Requião. Um grupo quer impor a maioria numérica do partido e exige a presidência para Nereu Moura. Outro quer entregar a presidência a Nelson Justus, do PFL.

Esta disputa separa em dois blocos a própria bancada do PMDB. Sem contar que a candidatura de Justus tem a preferência da legião de tucanos que apoiou Requião. Estão dispostos, inclusive, a abrir mão da primeira-secretaria para compor o bloco vitorioso com Nelson Justus.

Requião diz que não põe o dedo nesse confronto. Até, porque, só tem a perder entrando em bolas divididas no Legislativo. Lava as mãos e recomenda que tudo se decida na Assembléia, a distância regulamentar do Palácio, como se recomenda, aliás, a qualquer parlamento que se considere independente.

No mandato que termina, agora Requião governou o tempo todo com um tucano na presidência da Casa. Hermas Brandão, que está de saída da política nativa depois da rasteira que levou dos tucanos da outra banda, ainda tem voz firme e é capaz de conduzir a própria sucessão. Agora, pasmem, os tucanos que trabalharam contra Requião querem um presidente da Assembléia do PMDB. Curiosos são os caminhos da política nativa. Fábio Campana, no Estadinho