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Requião e os outros

As oposições a Requião ainda fazem o que podem para alcançar o segundo turno. Desistiram de criticar a obra e agora fazem coro nas queixas contra o estilo do governador.

 

O figurino é antigo. A turma de bombordo faz grande e sistemático esforço para transformar o governador em déspota autoritário. Repete chavões e aposta no apoio dos abastados, no medo da classe média e na ignorância dos grotões, conforme um modelo conservador e populista.

 

É necessário reconhecer a obstinação de Osmar Dias, Rubens Bueno e Flávio Arns, de extrações distintas e agora irmanados no objetivo de provocar o segundo turno a qualquer custo. Sem economia de golpes baixos, favorecendo a versão em lugar do fato. Sempre em nome de um interesse geral que, na prática, foi sempre o da minoria.

 

Daí essa insistência em associar Requião a figura do araponga Razera, apresentado ao distinto público como assistente do demônio. Não é por acaso que o Paraná, embora abençoado por Deus e bonito por natureza, chegou ao estado de calamidade nas mãos da caterva que agora tenta voltar ao poder.

 

Requião tem seu estilo. Todos o conhecem. Nem sempre é agradável, principalmente porque ele contraria a tradição política dos acordos de cúpula, dos conchavos, dos acertos, dos entendimentos para evitar rupturas.

 

Há, com efeito, uma família de homens que se distingue por essa espécie de feroz e teimosa independência de espírito e julgamento. Em outros tempos, Erasmo e Lutero foram dessa estirpe.

 

Aqui, nessas paragens meridionais, Requião é um desses. Por isso não é bem entendido pelas elites empresariais e seus escribas que se apresentam como intelectuais.

 

Diga-se, nesta mesma terra ignara, os ditos intelectuais sofrem desde que perderam as benesses do poder e almejam recuperá-las. Todos querem o amparo rápido, abrupto, porém seguro do Príncipe, do Senhor, do Pai. Quem prefere ficar de cabeça acesa, decerto já sofre de engulhos. Fábio Campana, em O Estado do Paraná.