O relator do processo contra o deputado André Vargas (ex-PT) no Conselho de Ética da Câmara pediu a cassação do mandato do congressista por quebra de decoro parlamentar. Ao ler seu relatório no conselho, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) afirmou que Vargas, ex-vice-presidente da Câmara pelo PT, mantinha relação estreita com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal e apontado como chefe de esquema bilionário de lavagem de dinheiro. As informações são da Folha de S. Paulo.
Segundo o relator o deputado fez parte de uma “imensa rede criminosa especializada na lavagem de dinheiro e na evasão de divisas”. “Não são fatos isolados, mas consequência de um relacionamento estreito e íntimo que chegava à participação nos negócios de Youssef. Os contatos exemplificam o nível de ligação de ambos.”
O pedido de cassação ainda precisa ser votado pelos demais integrantes do Conselho de Ética. Isso poderá ocorrer na próxima semana, mas um adiamento até setembro não está descartado. Em caso de aprovação, o caso será levado ao plenário da Câmara.
BATE-BOCA
Vargas foi à reunião, mas se recusou a apresentar sua defesa e saiu antes do fim, afirmando que não teve seu direito de defesa respeitado. Antes da leitura do parecer, o deputado pediu que Delgado adiasse o encerramento do processo para que quatro testemunhas de defesa pudessem ser ouvidas, além dele próprio.
Vargas afirmou que poderia apresentar sua defesa nesta quarta, mas exigiu que as testemunhas fossem ouvidas antes. Delgado insistiu que ele depusesse na reunião, mas o deputado disse não estar preparado e recusou. Diante da negativa ao pedido, Vargas bateu boca com o relator e deixou a sala.
“Concluir este mandato é tão importante para mim quanto para Vossa Excelência. Preferi não disputar eleições para que pudesse ter um julgamento tranquilo, isento. Não estou disputando aqui o meu mandato, mas a minha honra”, afirmou o deputado. Após deixar a reunião, Vargas afirmou que irá recorrer à Comissão de Constituição e Justiça da Casa e ao Supremo Tribunal Federal.
“Nós vamos buscar nossos direitos, seja na CCJ, seja no STF para ver garantido um mínimo processo legal. O que não se pode ter é um prejulgamento, um julgamento açodado, a falta de acesso a documentos, uma pressa desnecessária para concluir o caso, sendo que eu estava pedindo uma data para falar.”
Vargas responde a um processo por quebra de decoro devido ao seu envolvimento com o doleiro Alberto Youssef em dois episódios: um voo em um jatinho emprestado pelo doleiro e o suposto uso de influência do parlamentar junto ao Ministério da Saúde para viabilizar um contrato da Labogen com a pasta.
Por mais de uma hora, os deputados do conselho discutiram um requerimento apresentado na segunda-feira (4) em que a defesa pedia a substituição do relator do processo, porque Delgado já teria adiantado sua posição sobre o julgamento. Com 11 votos contrários, 2 a favor e uma abstenção, o requerimento acabou rejeitado.
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