Vivemos um momento de refluxo mundial dos partidos de esquerda. Levantamento produzido pelo jornalista Clóvis Rossi, que não pode ser acusado de simpatias direitistas, resulta em um quadro impressionante.
O Partido Socialista caiu de 280 para 29 deputados na França. Na Alemanha o SPD perdeu 40 cadeiras. Na Holanda, o PS foi o quarto colocado (9,1% dos votos). Na República Tcheca, os socialistas caíram de 20,5% para 7,3%.
Na América Latina, a direita ganhou eleições na Argentina e no Peru. Agora, é a vez do Chile, onde Sebastian Piñera deve levar o segundo turno em dezembro. No Equador, após o longo mandarinato esquerdista de Rafael Corrêa, seu sucessor, Lenín Moreno, eleito pela esquerda, migrou para a direita.
Na Venezuela, arruinada pela incompetência, corrupção e esquerdismo, o regime chavista só se mantém no poder pela força depois de violar todas as instituições democráticas e ter se convertido em uma ditadura de direito e de fato.
Indicadores espantosos sinalizam para a magnitude do desastre venezuelano. O preço dos produtos básicos é de 15 vezes o valor do salário mínimo que é, hoje, de US$ 4,3. Três de cada quatro venezuelanos perderam peso em 2017 (9 quilos em média).
A Venezuela, convertida em um spa sinistro, parece seguir, com seu ‘Socialismo do Século XXI’, a trilha do deposto ditador do Zimbábue, Robert Mugabe, que, a custa de insanidades políticas e econômicas de viés esquerdista, produziu um dos maiores desastres administrativos e catástrofes humanitárias da história.
A queda de Mugabe, aliás, parece ser simbólica do fim de uma era de predomínio esquerdista com seu cortejo de desatinos. Uma reforma agrária desastrosa, que reduziu a produção agrícola em mais de 70%, condenando a população a fome.
A reforma agrária somada a insanidades econômicas resultou na mais espantosa inflação de que se tem notícia. Um dólar americano valia 35 trilhões de dólares locais em 2009, quando o país renunciou a moeda nacional passando a usar o dólar americano como moeda do país.
O Brasil não escapa desse momento de acerto de contas da esquerda com seu legado de governos desastrosos ou pífios. O PT, que comandou o país entre 2003 e 2016 deixou uma fatura pesada que combina desorganização da economia, corrupção e desemprego. A inépcia combinada com a ilegalidade levou ao impeachment de Dilma Rousseff em 2016.
A esperança da esquerda brasileira de uma eventual volta ao poder ficou reduzida a uma improvável candidatura do ex-presidente Lula. É um candidato já condenado por corrupção que pode ter prisão decretada antes da eleição. Ele depende de controversos pareceres jurídicos para preservar a condição de candidato depois de uma provável condenação em segunda instância.
O tema é oportuno para reflexão em um momento em que o país se prepara para enfrentar uma campanha presidencial decisiva.
Ademar Traiano é deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa e vice-presidente do PSDB do Paraná
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