Por Sandro Moser, na Gazeta do Povo:
O recuo do governador Beto Richa (PSDB) ao retirar da pauta da Assembleia Legislativa a mensagem que criava a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Paraná (Agepar) foi interpretado como uma estratégia para atrair o PMDB para a base aliada do governo, de olho nas eleições de 2012 e 2014.
Para o presidente estadual do PMDB, Waldyr Pugliesi, foi um gesto claro de aproximação com o partido. “Este tema era um impedimento às conversas entre governo e a bancada do PMDB”, admitiu Pugliesi.
O projeto enviado pelo governo incluía os setores de energia e saneamento como serviços passíveis de regulação pela nova agência e foi muito criticado por deputados do PMDB, e também do PT, por supostamente abrir a possibilidade de privatização da Copel e da Sanepar.
A retirada do projeto foi acertada em uma reunião na segunda-feira à noite entre o governador, o secretário da Casa Civil, Durval Amaral, e os deputados Valdir Rossoni (PSDB) e Ademar Traiano (PSDB), respectivamente presidente da Assembleia e líder do governo na Casa.
Segundo Pugliesi, ao retirar a mensagem da pauta, o governo mostrou que está disposto a respeitar princípios e posições históricas do PMDB, como a defesa das empresas públicas. Com isso consegue atrair alas da legenda que antes se inclinavam para a oposição. “É papel de quem foi derrotado na eleição fazer oposição. Porém, a bancada vai decidir de forma democrática e a maioria vai prevalecer”, disse.
Já para o deputado Nereu Moura (PMDB), o governador Beto Richa tem demonstrado “grandeza” em abrir diálogo com a bancada do PMDB, ao contrário do abandono que o partido estaria sofrendo de parte do PT, seu grande aliado em nível federal.
Moura disse que a sigla deve em breve ir de “mala e cuia” para a base aliada. “Estamos prestes a tomar uma decisão definitiva que inclui um projeto para as próximas eleições”, afirmou.
Para Moura, a aproximação é inevitável e está adiantada, porque os deputados estaduais assumiram o controle da legenda. “Temos que conduzir o partido para que o partido não morra”, afirmou.
De acordo com Traiano, a intenção do governo era confirmar o compromisso de campanha e evitar qualquer possibilidade de privatização de estatais.
Para o líder da oposição, deputado Ênio Verri (PT), o recuo do governo representa que a oposição estava certa. Verri disse estar preocupado com o alinhamento do PMDB ao governo estadual. “PT e PMDB fazem parte da histórica aliança que comanda o país. Temos que conversar para que isto não ocorra, porém, precisamos que a bancada do PMDB se defina e assuma sua condição de oposição”, disse.
Deixe um comentário