O deputado conversa com o Paraná Portal e abre o jogo. Fala da gestão Ratinho Junior, o que precisa mudar, e que se estivesse no Palácio Iguaçu investiria mais no conhecimento e em infraestrutura
O deputado estadual Luiz Cláudio Romanelli (62) não descarta o sonho de ser governador do Estado do Paraná, embora reconheça que, para que isso se torne realidade, existe um caminho muito longo e difícil a percorrer e que exige, também, poder aquisitivo. “Não vou atrás de dinheiro para campanha política e sempre concorri com ajuda de parentes e com recursos próprios. Portanto, dá apenas para a Assembleia Legislativa do Estado”. Já pensou também em concorrer à Câmara Federal, mas desistiu quando começou a colocar os custos na ponta do lápis.
Em sua travessia política, que começou em 1988, quando se elegeu vereador em Curitiba, o advogado e graduado em gestão urbana, nascido em Londrina – foi para Curitiba aos 16 anos de idade – está, hoje, em seu quinto mandato como deputado estadual – perdeu apenas uma eleição, em 1988, quando fez oposição ao então governador Jaime Lerner – e revela seu segredo: trabalhar com objetividade e em busca de resultados.
– Hoje o Governo do Estado está em boas mãos e “acredito muito no trabalho do governador Ratinho Junior. Tenho certeza de que o nosso Estado será bem melhor a partir dos próximos anos, porque sua visão como gestor público sempre foi voltada à sua experiência como parlamentar – deputado estadual e federal – e secretário de Estado do Desenvolvimento Urbano, com foco em ações sociais”.
Romanelli não é nenhum santo na política e já teve vários embates, inclusive com o ex-governador Roberto Requião, onde andaram juntos nas mesmas fileiras quando foi filiado ao MDB (hoje está no PSB). Seu diferencial está no seu pragmatismo e no pensamento de que o povo, o eleitor, quer ser reconhecido e valorizado, não permitindo que lhe surrupiem a autoestima e o suado dinheiro dos impostos que pagam. O eleitor quer respeito, diz.
Nessa forma de trabalho, onde construiu e pavimentou sua carreira política, Romanelli sempre descartou as amarras ideológicas, fugindo do patrulhamento, das esquerdas ou direitas. “Não sou de esquerda e nem de direita e sempre caio fora do debate ideológico, preferindo me pautar em ações que promovam a melhoria de vida das pessoas e na discussão das desigualdades sociais”, pontua. Como gestor governamental na área da política habitacional (foi presidente da Companhia de Habitação do Paraná) acabou conhecendo os reais problemas envoltos no tecido fino da sociedade. Foi secretário de Estado nos governos Beto Richa e Roberto Requião.
Quando disse que não descartava o sonho de se instalar no Palácio Iguaçu, Romanelli fez algumas observações em relação às suas intenções para o bem-estar do Paraná e dos paranaenses. “O Paraná precisa melhorar seus investimentos em ciência e tecnologia e firmar parcerias com as universidades. Entendo que hoje o Paraná está sendo bem gerido, com anúncios de projetos e investimentos em várias áreas, como no agronegócio, que é um dos nossos carros-chefes, mas é preciso investir cada vez mais no conhecimento”, disse.
Embora o governador Ratinho Junior tenha anunciado investimentos de R$ 40 bilhões e geração de 500 mil empregos para os próximos três anos e mais recentemente outros R$ 350 milhões (banco de projetos) em infraestrutura para o transporte das riquezas paranaenses, Romanelli ainda considera a infraestrutura paranaense um dos maiores problemas para a movimentação de riquezas.
“Um governo quer tem meta de investimentos em emprego tende a gerar confiança e estabilidade social, com ganhos políticos. Para mim, Ratinho Junior está no caminho certo, embora não possa dizer o mesmo do presidente Jair Bolsonaro”, observa.
Sobre a gestão Ratinho Junior, a qual afirma estar no caminho Certo, Romanelli pondera em relação a algumas áreas da gestão estadual. “Eu, se fosse o governador, mudaria algumas peças no governo, colocando pessoas mais experientes e aproveitaria também um maior número de profissionais com formação acadêmica e científica, pois gestão pública não é para amadores. É claro que os jovens que estão no governo cumprem seu papel com gasto de energia, enquanto os mais velhos se pautariam na experiência”.
Para Romanelli, como observador da gestão do Executivo estadual, há muitos que dobram os joelhos, mas não tem decência e ordem disciplinar, preferindo as chicanas das maquinações. Isto não funciona mais, disse. “Ser governo, hoje, é um desafio muito grande e este desafio só está sendo vencido pelo governador Ratinho Junior porque ele construiu um novo grupo político no Paraná. Fazia muitos anos que isto não acontecia em nosso Estado”.
Em relação à Assembleia Legislativa do Estado, onde é o primeiro-secretário da casa, participando de todas as ações e decisões da mesa diretora, o deputado afirma que existe um novo conceito de gestão legislativa com a participação dos novos parlamentares que assumiram as cadeiras por conta das redes sociais, fenômeno que mudou a política paranaense e nacional a partir das eleições de 2018. “Eles – esse grupo – ainda está tentando entender como funciona a política e estão fazendo a lição de casa”.
Para Romanelli, a greve do funcionalismo pública está resolvida. Porém, acha que poderá vir um furacão caso o Governo do Estado tenha que mexer na Previdência.
Sobre a corrupção no país, tema de discussão em qualquer roda de debate político, empresarial ou mesmo mesa de bar, o deputado defende a ampliação de mecanismos de controle interno nos governos. “A operação Lava Jato foi uma bênção no combate à corrupção mas, infelizmente, desestruturou a economia do país, matando, literalmente, muitas empresas e gerando desemprego. Só no setor do petróleo, com a Petrobras, houve queda de um milhão de postos de trabalho. Os principais atores desse processo de combate à corrupção avançaram mais do que deviam e chegaram a mexer com as estruturas institucionais da justiça. Mas, é claro, os fins não justificam os meios”.
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